Democracia e eficiência: a difícil relação entre política e economia no debate contemporâneo
Resumo
Muitos economistas vêem a política como uma atividade irracional. Eles também acham que a ação estatal geralmente gera ineficiências de mercado e instituições democráticas, como eleições, geralmente funcionam como obstáculos para medidas econômicas sólidas. Mostrando que a visão está incorporada às principais correntes do pensamento econômico desde o século passado, também argumentamos que essas idéias são exportadas para grande parte da ciência política contemporânea, incluindo a área de políticas públicas. Examinando a literatura, mostramos que cientistas políticos de escolha racional, como economistas, afirmam que governabilidade e decisões efetivas serão garantidas principalmente através de arenas concentradas ou de arranjos isolados capazes de proteger os formuladores de políticas contra interferências políticas. Em outras palavras, a governabilidade depende da redução das arenas políticas. Pelo contrário, rejeitamos essa solução tecnocrática de separar a política da economia. Com o apoio dos pensadores pluralistas clássicos, defendemos outra concepção, argumentando que a política é o espaço social privilegiado para a construção de interesses e valores de maneira institucionalizada. As dificuldades para superar as atuais crises internacionais desde 2008 revelam que este é um problema crucial: reduzir a política impediria as sociedades de melhorar soluções institucionais, as únicas capazes de dar espaço a conflitos emergentes e, então, chegar a um consenso em torno deles.
Classificação JEL: A1; B0.
Palavras-chave: democracia eficiência econômica economia convencional ciência política teoria da escolha racional