A dívida externa: mercado ou conflito
Resumo
Este ensaio sugere que a dívida externa dos países latino-americanos deve ser
considerada como uma forma de conflito. Isso significa que o confronto de poderes relativos
deve ser reconhecido. Como conflito, torna-se um processo no qual as relações de
credores e devedores se desenvolvem por meio do estabelecimento de diferentes estratégias.
O tratamento convencional do endividamento externo o toma como problema e busca sua
solução. Como tal, a sua natureza tende, em última análise, a ser considerada como um fenômeno
de mercado. Propõem-se então medidas técnicas e administrativas para fazer face à
“crise da dívida”. Mas, de fato, a negociação torna-se a principal característica do conflito.
Cria-se então uma situação de dissuasão financeira para evitar a ruptura dos fluxos financeiros
internacionais. O poder desigual dos participantes fixa os limites do confronto, assim
como os incentivos para a cooperação.
Classificação JEL: H63; F34.
Palavras-chave: Dívida externa crise da dívida