v. 36 n. 4 (2016): Out-Dez / 2016


v. 36 n. 4 (2016)

Out-Dez / 2016
Publicado em outubro 1, 2016

Artigo


Piketty à luz de Pasinetti e Foley: Distribuição de renda, crescimento balanceado e fragilidade financeira
Marwil Dávila-Fernández, José Luis Oreiro
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572015v36n04a01

O artigo se propõe discutir a hipótese de que a distribuição funcional da renda não é necessariamente estável à medida que a economia cresce. São revisitados os modelos de Pasinetti e Foley mostrando que se empregarmos a definição tradicional de capital (i) r>g é condição necessária para a existência de crescimento balanceado sendo compatível com um nível constante de desigualdade ao longo do tempo e (ii) r>i é condição necessária para a obtenção de uma trajetória de crescimento financeiramente robusta. Desse modo concluímos que desde uma perspectiva pós-keynesiana, o argumento de Thomas Piketty de que a raiz da desigualdade no capitalismo está em que a taxa de retorno do capital é maior do que a taxa de crescimento da economia é questionável.

Classificação JEL: E11; E12; E25.


Notas críticas sobre O Capital no século XXI de Thomas Piketty
Rosa Maria Marques, Marcel Guedes Leite
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572016v36n04a02

Este artigo tem como objetivo analisar alguns aspectos do último livro de Thomas Piketty, “O Capital no século XXI”, do ponto de vista marxista. São abordadas as relações que fundamentam sua análise de longo prazo da desigualdade na distribuição de renda e riqueza, seus conceitos de capital e de longo prazo, bem como sua interpretação do pensamento de Marx. Também são levantados alguns problemas existentes em sua base de dados. A análise tem como ponto de partida a crítica realizada por alguns autores marxistas de renome, tais como Michel Husson, David Harvey e Yanis Varoufakis, bem como de Robert Boyer. Entre as conclusões do artigo, destaca-se o fato de o estudo de Piketty estar fracamente fundamentado teoricamente.

Classificação JEL: B51; O15; P16.


Desalinhamento cambial, volatilidade cambial e crescimento econômico: uma análise para a economia brasileira (1995-2011)
Flávio Vilela Vieira, Aderbal Oliveira Damasceno
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572016v36n04a03

O objetivo deste trabalho é investigar a importância do desalinhamento cambial e da volatilidade cambial para o crescimento da economia brasileira no período de 1995 a 2011. As evidências sugerem: i) o desalinhamento cambial é relevante para explicar o crescimento econômico da economia brasileira e subvalorização cambial (sobrevalorização cambial) estimula (desestimula) o crescimento econômico; ii) a volatilidade cambial é relevante para explicar o crescimento econômico da economia brasileira e maior (menor) volatilidade cambial desestimula (estimula) o crescimento econômico; iii) mudança na taxa de investimento e a taxa de crescimento das exportações têm coeficientes estimados positivos no modelo de crescimento. Como recomendação de política, sugere-se a manutenção de uma taxa real de câmbio em um nível competitivo e com baixa volatilidade.

Classificação JEL: O40; F31; C26.


A taxa de câmbio como instrumento do desenvolvimento econômico
Lauro Mattei, Thaís Scaramuzzi
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572016v36n04a04

O artigo discute a importância da taxa de câmbio no processo de desenvolvimento econômico. Após fazer uma breve discussão do tema, apresenta-se um histórico sobre a política cambial brasileira após 1995 no âmbito do programa de estabilização macroeconômica. Neste caso, discutem-se os efeitos da política cambial sobre a indústria do país realçando-se o fato de que existem evidências empíricas que apontam para a desindustrialização. Este aspecto, em grande medida, é explicado pelo comportamento dos dados sobre a intensidade tecnológica dos produtos exportados e importados. Recentemente, observou-se uma expansão bastante expressiva dos produtos não industriais na pauta do comércio externo do país, indicador que pode estar sinalizando a existência de um processo de desindustrialização em curso.

Classificação JEL: O14; O24; O25.


Sistema nacional de inovação e restrição externa ao crescimento
Marco Flávio da Cunha Resende, Daniela Almeida Raposo Torres
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572016v36n04a05

Segundo a literatura sobre modelos de crescimento com restrição externa, as diferenças nas elasticidades-renda da demanda de importações e de exportações entre os países levam a diferentes graus de restrição externa ao crescimento dos mesmos. Contudo, não há nesta literatura uma explicação que utiliza o conceito Evolucionário de Sistema Nacional de Inovações (SI) para mostrar o motivo para as diferenças nas elasticidades-renda dos países. Ademais, não há um consenso sobre a exogeneidade destas elasticidades. Alguns autores enfatizam que a elasticidade-renda de exportações é maior nos setores com maior intensidade tecnológica. Porém, estes autores não explicam os motivos para isto ocorrer. Neste artigo visa-se mostrar teoricamente a relação de causalidade entre o SI de uma economia, suas elasticidades-renda e seu desempenho em transações correntes. Objetiva-se, também, mostrar o papel do SI na determinação da exogeneidade/endogeneidade das elasticidades. A evidencia empírica apresentada neste estudo não rejeita seus argumentos.

Classificação JEL: E12; F43; O44.


O papel das empresas transnacionais na inserção internacional da produção industrial brasileira no contexto da reestruturação produtiva
Adriano José Pereira, Ricardo Dathein
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572015v36n04a06

Este estudo analisa a influência do padrão de comércio internacional das Empresas Transnacionais (ETNs) sobre a inserção internacional da indústria de transformação brasileira entre 1995 e 2005, com base em dados do Censo de Capitais Estrangeiros do Banco Central do Brasil. O trabalho tem como objetivo investigar em que medida o aumento da inserção internacional das empresas transnacionais nas economias nacionais tem contribuído para a evolução dos produtos brasileiros em termos de comércio internacional. Concluiu-se que a participação significativa de empresas transnacionais no comércio exterior brasileiro revela que a inserção internacional da produção industrial do país apresenta uma crescente dependência de decisões estratégicas das ETNs.

Classificação JEL: F14; L10; O14.


Arroubos econômicos, legitimação política: uma análise da moratória da dívida externa de 1987
Ivan Salomão, Pedro Cezar Dutra Fonseca
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572016v36n04a07

O contexto histórico em que José Sarney assumiu a Presidência da República respondeu por um dos principais motivos de sua fragilidade quando da ascensão ao cargo. Inserido no momento histórico do ocaso do regime militar, o presidente eleito na chapa oposicionista colheu a hostilidade das ruas e a indiferença do establishmet político. Ciente de que não contaria com o apoio da classe política nem da sociedade brasileira, Sarney tratou de fazer das medidas econômicas de ampla repercussão popular seu principal veículo de legitimação. Após a sucumbência do Plano Cruzado, o presidente tratou de fazer da negociação da dívida externa sua principal bandeira política, tendo pretendido, através do tom ufanista em que a envolveu, angariar o apoio interno de que tanto necessitava.

Classificação JEL: F34.


O novo desenvolvimentismo: uma contribuição institucionalista
Herton Castiglioni Lopes
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572015v36n04a08

O trabalho objetiva analisar o novo desenvolvimentismo a partir da Teoria da Regulação (T.R.), do institucionalismo derivado de Veblen e da teoria evolucionária neoschumpeteriana. Demonstra que o novo desenvolvimentismo é uma instituição ao estabelecer uma regulação (formas institucionais) que considere as características estruturais dos países em desenvolvimento. Essa configuração macroeconômica, em conjunto com os hábitos mentais dos agentes, deve fortalecer as relações de mercado, os investimentos produtivos, a inovação e o progresso técnico. Este último deve acontecer a partir das oportunidades abertas pelas revoluções tecnológicas, permitindo o catching up das nações menos desenvolvidas (de renda média).

Classificação JEL: E02; O11; O43; B52.


Local multiplier of industrial employment: Brazilian mesoregions (2000-2010)
Guilherme Macedo, Leonardo Monasterio
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572015v36n04a09

Este trabalho estima o multiplicador local de longo prazo da emprego industrial para as mesorregiões brasileiras. A metodologia toma como base os estudos de Moretti (2010) e Moretti e Thulin (2012), que estimaram os multiplicadores locais do emprego para os Estados Unidos e para a Suécia, respectivamente. Foram avaliados os impactos da variação de empregos no setor industrial sobre o emprego no setor de serviços, bem como o impacto da variação de empregos nos setores industriais de alta e de baixa tecnologia sobre o emprego nos setores de serviços. Essas estimativas permitiram avaliar o impacto de mudanças do emprego industrial nas economias locais. Fez-se uso de uma variável instrumental fundamentada no método estrutural-diferencial (shift-share). Foram utilizados dados de emprego da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2000, 2005 e 2010, para 21 subsetores de atividade econômica e 123 mesorregiões. Estimou-se que, no nível mesorregional, para cada emprego gerado nos setores industriais quatro são criados nos setores de serviços, no longo prazo. Também foi calculado que, para cada emprego gerado nos setores industriais de alta intensidade tecnológica, são criados cerca de sete empregos nos setores de serviços, no nível mesorregional, no longo prazo.

Classificação JEL: J21; J88; R12; R23.


Investimentos em infraestrutura de transportes e desigualdades regionais no Brasil: uma análise dos impactos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
Guilherme Jonas Costa da Silva, Humberto Eduardo de Paula Martins, Henrique Dantas Neder
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572016v36n04a10

O trabalho tem por objetivo analisar os efeitos dos investimentos em infraestrutura, em particular, de transportes, realizados no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) sobre a dinâmica regional brasileira. As hipóteses investigadas no trabalho são: (i) os investimentos em infraestrutura contribuem para o crescimento econômico dos estados brasileiros; (ii) os investimentos em infraestrutura realizados no âmbito do PAC têm contribuído para aumentar as taxas de crescimento econômico dos estados brasileiros, (iii) bem como para alterar a dispersão das taxas de crescimento econômico entre os estados, em particular, a favor dos estados de menor produto. Para tanto, emprega-se a metodologia de dados em painel e Bootstrapping para as estimativas e predições realizadas, respectivamente. Os resultados empíricos confirmaram apenas a primeira hipótese, mas não as demais, indicando que o PAC não tem contribuído significativamente para aumentar a taxa média de crescimento do produto per capita dos estados e nem para reduzir as desigualdades regionais no País.

Classificação JEL: H54; O40; C53.