v. 22 n. 1 (2002): Jan-Mar / 2002


v. 22 n. 1 (2002)

Jan-Mar / 2002
Publicado em janeiro 1, 2002

Artigo


Neomonetarismo Tropical: A Experiência Brasileira nos Anos Noventa
Alfredo Saad Filho, Lecio Morais
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1271

Este artigo analisa o desempenho da economia brasileira durante os anos 90, à luz da mudança de política neomonetarista implementada de maneira desigual, mas incremental, ao longo desta década. O artigo mostra que essa mudança de política foi associada a, e contribuiu para, uma mudança na estrutura da indústria de transformação, a deterioração financeira do setor público, o aperto da restrição da balança de pagamentos e o aumento da dependência econômica externa. Essas mudanças estruturais foram em grande parte responsáveis pela crise cambial de 1999. As medidas políticas subsequentes falharam amplamente em lidar com essas fraquezas da economia brasileira.

Classificação JEL: B24; B51.


Teoria e evidências do regime de metas inflacionárias
João Sicsú
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1269

Este artigo mostra que a teoria que apoia o regime de metas de inflação não tem relação com a realidade. Além disso, isso enfatiza que a política monetária deve ser usada com capacidade total, porque não apenas controla a inflação, mas também é útil para alcançar objetivos reais, como o emprego. O artigo demonstra que não há evidências de que o regime tenha reduzido a inflação na década de 90. Tanto os países desenvolvidos que adotaram o regime como os países desenvolvidos que não adotaram o regime de metas para a inflação reduziram e mantiveram a inflação sob controle.

Classificação JEL: E31; E43; E52; E58.


Metas para a taxa de câmbio, agregados monetários e inflação
Helder Ferreira de Mendonça
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1249

Desde o início da Teoria Quantitativa da Moeda, por David Hume, a relação entre moeda e nível de preços foi analisada por economistas monetários. Atualmente, a busca por estabilidade de preços levou os formuladores de políticas a adotarem um dos três regimes monetários: taxa de câmbio fixa, metas monetárias ou metas de inflação. O presente artigo faz uma análise comparativa entre essas possibilidades, destacando as vantagens e desvantagens de cada regime monetário.

Classificação JEL: E52; E58.


Produtividade, salários, lucros e taxa de cambio em uma era de globalização
Hartmut Elsenhans
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1276

As corridas mundiais de desvalorização levam à globalização da renda, em vez do lucro e da autonomia da sociedade civil. Esse padrão específico da globalização de hoje segue sérias tendências subconsumistas, uma vez que a autossuficiência na produção de bens salariais é alcançada em economias com um produto marginal muito baixo do trabalho na agricultura e desemprego estrutural que desestimula todo o trabalho. Da mesma forma, no século XIX, a globalização intensiva foi caracterizada por tendências de pleno emprego, aumento dos salários reais e expansão do estado de bem-estar. Um retorno a esse modelo de comboio da globalização é possível por meio da marginalidade, reduzindo as políticas de desenvolvimento para elevar os padrões dos pobres no sul.

Classificação JEL: F31; J3.


Governança, “Accountability” e Responsividade
Sérgio de Azevedo, Fátima Anastasia
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1225

Para analisar a institucionalização de canais alternativos de participação na formulação de políticas públicas no estado de Minas Gerais, Brasil, o artigo parte do pressuposto de que a relação entre accountability e responsividade nas chamadas “novas democracias” depende basicamente do projeto de institucionalidade adotado e em sua adequação às condições societárias prevalecentes.

Classificação JEL: H1.


Modelos de Investimento: Metodologia e Resultados
Elton Eustaqui Casagrande
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1242

Este artigo fornece uma visão geral dos estudos empíricos sobre padrões de financiamento corporativo e comportamento de investimento da empresa. Em um mundo sem atrito, o teorema de Modigliani-Miller é válido, assim como a teoria do investimento neoclássico. No entanto, na presença de imperfeições resultantes de assimetrias de informação, o financiamento interno costuma ser menos oneroso do que o financiamento externo. O objetivo deste artigo é mostrar como os estudos empíricos examinaram o papel das restrições financeiras e o comportamento do investimento da empresa.

Classificação JEL: G31.


A Epistemologia da Economia Teórica em Schumpeter
Marcos Fernandes Gonçalves da Silva
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1231

O objetivo deste artigo é reconstruir os principais elementos da epistemologia instrumentalista de Schumpeter, da maneira como são expostos em seu primeiro livro publicado Das Wesen und der Hauptinhalt der theoryetischen Nationalökonomie (1908), que é o principal esforço desenvolvido pelo economista austríaco para a análise dos fundamentos da ciência econômica. Primeiramente, reconstruirei sua epistemologia instrumentalista e mostrarei a importância da mesma. Essa reconstrução é importante porque o núcleo duro da epistemologia instrumentista de Schumpeter é relativamente desconhecido. Por fim, indicarei a filiação direta da epistemologia instrumentalista de Schumpeter às ideias principais sobre a natureza da mecânica e da física em geral no final do século XIX. Essas ideias estão principalmente associadas a Ernst Mach, Henri Poincaré e Pierre Duhem, que enfrentaram o mesmo desafio de Schumpeter na economia, que é libertar a ciência (mecânica) da metafísica (cosmologia), criando uma nova visão teórica.

Classificação JEL: B30; B31; B40.


Raízes históricas das ideias que subsidiam as políticas de clustering
Alexandre Rands Barros
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1227

Este artigo mostra as concepções básicas das ideias subjacentes que apoiam as políticas de agrupamento e explica suas origens e justificativas para desempenhar um papel importante no desenvolvimento econômico. Argumenta-se que, embora tenham sido promovidas enquanto as ideias liberais eram hegemônicas, os conceitos que dão suporte às políticas de agrupamento não se baseiam apenas nessa ideologia. Eles também buscam apoio em ideias que aceitam intervenções públicas na economia. Isso significa que uma das estratégias mais eficientes para promover o desenvolvimento econômico atualmente tem atitudes céticas em relação a vários preceitos liberais.

Classificação JEL: E52, E53.


Trabalho e Política: Locke e o Discurso Econômico
Hugo E. A. da Gama Cerqueira
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1241

Este artigo examina o surgimento de um discurso econômico separado da ética ou da filosofia política. Argumenta que as obras de Locke são um momento decisivo nesse processo, por revelar a existência de uma esfera da economia distinta da esfera da política. Além disso, o artigo sugere, ao contrário de outras interpretações convencionais, que Locke não consuma a emancipação do discurso econômico, pois aborda a esfera econômica com base em princípios morais.

Classificação JEL: B11; B31; B40.


A Ética Ambiental e o Desenvolvimento Sustentável
Henrique Tomé Costa Mata, José Euclides A. Cavalcanti
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1255

Este artigo trata de alguns princípios da ética ambiental e discrepâncias conceituais na aplicação de teorias clássicas sobre taxa de desconto e eficiência econômica no contexto do desenvolvimento sustentável. A inconsistência da taxa de desconto, no contexto ambiental, é entendida como um elemento essencial para a argumentação deontológica e ambiental. O objetivo é apresentar uma explicação para esse problema, com base no desenvolvimento teórico recente dos recursos naturais e em algumas técnicas de avaliação ambiental, visando o desenvolvimento sustentável.

Classificação JEL: B0.