v. 21 n. 1 (2001): Jan-Mar / 2001


v. 21 n. 1 (2001)

Jan-Mar / 2001
Publicado em janeiro 1, 2001

Artigo


Heterarquias e as armadilhas de desenvolvimento
Laszlo Bruszt
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1245

A capacidade do Estado de resistir a poderosos grupos econômicos predadores depende muito da maneira como a diversidade social é representada dentro da sociedade. Essa capacidade estatal é fraca quando um único ramo do governo pode usurpar a representação do bem público entre duas eleições. Em algumas democracias que chamo de heterarquias, parceiros de coalizão, partidos em diferentes casas do legislativo, diferentes níveis e ramos do governo, agências estatais autônomas obrigam os executivos a levar em conta diversos modos de representação enquanto fazem seus programas e políticas. Tais restrições à autoridade executiva permitem que o Estado supere a distribuição direta de poderes e interesses na economia. No artigo, uso o caso russo para analisar a relação entre a fraqueza do Estado e os problemas relacionados ao desenvolvimento econômico.

Classificação JEL: P26; D72; D73.


Heterarquia: Explorando ambiguidades e organizando diversidades
David Stark
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1248

Este artigo explora o conceito de heterarquia como uma forma organizacional que é uma alternativa para hierarquias e mercados. As heterarquias são caracterizadas pela responsabilização lateral e por múltiplos princípios organizadores, ou em termos diferentes, pela inteligência distribuída e pela organização da diversidade. Os materiais empíricos são retirados da economia húngara contemporânea, onde as empresas operam em um ambiente de incerteza institucional. Uma análise da estrutura acionária das 200 maiores empresas e dos 25 principais bancos identifica propriedades distintas da rede criadas por vínculos de propriedade interorganizacional. A heterarquia contribui para a flexibilidade; mas o entrelaçamento de múltiplas lógicas de justificação coloca novos problemas de responsabilização. 

Classificação JEL: D23; P26.


Impactos das relações Banco Central x Bancos Estaduais no arranjo federativo pós-1994: Análise à luz do caso Banespa
Chistopher Garman, Cristiane Kerches da Silva Leite, Moisés da Silva Marques
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1238

Este artigo indica, por meio do estudo de caso do processo de federalização do Banespa, que deve haver sérias reservas quanto à ideia atual de que houve centralização do poder no governo central imposta pelo executivo federal nos anos 90. O caso Banespa é um estudo de caso crítico, pois demonstra que a reestruturação do sistema bancário estadual não é causada pelo governo federal em nome da manutenção do processo de estabilização econômica. Os autores argumentam que o acordo envolvendo a situação dos bancos estaduais foi fruto de uma negociação política entre o governo estadual e o governo federal. Assim, a atual reestruturação do sistema federativo pode ser melhor explicada por um processo de negociação entre os ramos do governo do que pela reestruturação imposta pelas pessoas maior escalão.

Classificação JEL: G21; E58; G34.


Dólar por Pesos? A economia política da dolarização na América Latina
Pamela K. Starr
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1250

A capacidade da dolarização de gerar crescimento estável na América Latina, apesar da instabilidade ocasional no sistema financeiro internacional, foi objeto de significativa análise econômica nos últimos anos. No entanto, pouca atenção foi dada à política dessa questão. Este artigo tenta preencher esse vazio examinando os fatores políticos e econômicos que influenciam a eficácia política da dolarização. O artigo revisa o debate teórico e político no qual a questão da dolarização está situada e, em seguida, desenvolve um modelo informal das variáveis políticas e econômicas que influenciam a viabilidade da dolarização. Conclui que, embora a dolarização possa ser a opção política correta para alguns países da América Latina, é improvável que beneficie a maioria. A maioria dos países latino-americanos se beneficiaria mais ao abordar diretamente as forças conhecidas para promover a instabilidade econômica.

Classificação JEL: F33; F31; O19.


Flexibilização produtiva e reestruturação espacial: considerações teóricas e um estudo de caso para a indústria de calçados no Brasil e no Nordeste
Olímpio J. de Arroxellas Galvão
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1233

O processo de globalização, o surgimento de novos paradigmas tecnológicos, a crescente introdução de mecanismos de mercado nas economias e a formação de blocos regionais de comércio trouxeram profunda reestruturação produtiva entre os diversos setores da atividade humana. Essas mudanças estão forçando os formuladores de políticas a prever novas formas de intervenção nas regiões, em todos os países, para que possam enfrentar os novos desafios que o desenvolvimento regional está colocando nos dias atuais. Este trabalho procura apresentar os principais aspectos de um novo cenário mundial, caracterizado pela introdução de processos de flexibilização produtiva e pela criação de novos espaços industriais e faz um estudo de caso de reestruturação na indústria de calçados no Brasil.

Classificação JEL: L67; F61.


Uma nota sobre crescimento, bem-estar e políticas públicas
Pedro Cavalcanti Ferreira
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1231

Nesta nota, os efeitos de crescimento e bem-estar das políticas fiscais e monetárias são investigados em quatro economias em que o investimento público faz parte do processo produtivo. É demonstrado que o crescimento é maximizado em níveis positivos de imposto de renda e inflação, mas que não há relação direta entre tamanho do governo, produtividade e crescimento ou entre inflação e crescimento. No entanto, a menos que não haja transferências, conflitos políticos ou bens públicos na economia, a maximização do crescimento não implica a maximização do bem-estar e a taxa tributária ideal e o tamanho do governo são maiores do que aqueles que maximizam o crescimento. O dinheiro não é superneutro e a taxa ideal de criação de dinheiro está abaixo da taxa maximizada de crescimento.

Classificação JEL: O41; H30.


Políticas Públicas e Competitividade da Agricultura
Maria Auxiliadora de Carvalho
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1225

Nas últimas três décadas, o setor agrícola dos países menos desenvolvidos perdeu competitividade. A forte política agrícola explicaria o ganho nos países mais desenvolvidos. Sua política agrícola não mudou, mesmo quando o governo adotou uma estratégia liberal. Somente a União Europeia demonstrou ganhos de competitividade o tempo todo. Se considerarmos que, no início, apresentava a pior situação em termos de vantagem comparativa, podemos concluir que sua Política Agrícola Comum causou grande diversidade comercial e contribuiu para a redução da eficiência econômica mundial.

Classificação JEL: F14; F13.


Incompete?ncia e Confidence Building por tra?s de 20 Anos de quase estagnac?a?o da Ame?rica Latina
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1255

A América Latina permaneceu quase estagnada em termos per capita nos últimos vinte anos. As causas originais são bem conhecidas: a crise da dívida inter-relacionada e a crise fiscal do estado. Mas por que os países latino-americanos demoraram tanto para recuperar a estabilidade macroeconômica? Não apenas porque o ajuste fiscal e as reformas orientadas para o mercado foram controladas pelos grupos de interesse, mas também porque, mesmo quando os formuladores de políticas estavam livres de restrições políticas, eles cometeram graves erros políticos: erros que derivavam de incompetência técnica ou emocional e de uma subordinada “estratégia de construção de confiança”, que implicava fazer tudo o que as agências internacionais e mercados financeiros esperassem para obter crédito e credibilidade, em vez de usar seu próprio julgamento para tomar decisões e projetar as reformas necessárias.

Classificação JEL: O1; O5; R1.


Contribuições de Edith Penrose às Teorias do Progresso Técnico na Concorrência Oligopolista
Tamás Szmrecsányi
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1244

Este artigo revisa as contribuições de Edith T. Penrose (1914-1996) às teorias do progresso técnico dentro da competição oligopolística. Baseia-se principalmente no capítulo VII de sua seminal Teoria do Crescimento da Empresa, publicada pela primeira vez em 1959.

Classificação JEL: B21; B31; D43.