v. 21 n. 4 (2001): Oct-Dec / 2001


v. 21 n. 4 (2001)

Oct-Dec / 2001
Publicado em outubro 1, 2001

Artigo


Decisões estratégicas e overlapping consensus na América Latina
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1241

O artigo, em primeiro lugar, resume o estruturalismo latino-americano e apresenta razões pelas quais foi tão influente e durável na região, atendendo a demandas reais, e fazia parte da principal economia da década de 1950. Segundo, diz por que, com a Grande Crise dos anos 80, o estruturalismo acabou se transformando em crise, pois não conseguiu acompanhar o ritmo de novos fatos históricos, particularmente com a revolução ou a decolagem industrial, que tornaram as economias latino-americanas intermediárias, ainda em desenvolvimento, mas totalmente capitalista. Terceiro, lista o quase-consenso ou consenso sobreposto que existe hoje sobre o desenvolvimento econômico. Quarto, opõe a “ortodoxia oficial” ao “populismo desenvolvimentista”, o primeiro derivado da economia neoclássica, o segundo ao estruturalismo e oferece, em relação a seis questões estratégicas, uma alternativa de desenvolvimento.

Classificação JEL: B1; B5.


A Integração Latino-Americana na Primeira Década do Milênio
José Tavares de Araújo Jr.
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1277

Este artigo analisa as perspectivas da integração econômica latino-americana em três níveis inter-relacionados: multilateral, hemisférico e sub-regional. No nível multilateral, argumenta que a OMC não está preparada para regular os padrões de concorrência gerados pela revolução da informação, e isso implica um papel provisório para as instituições regionais. No nível hemisférico, mostra que a ALCA não provocará ameaças imediatas a acordos sub-regionais como Mercosul, Comunidade Andina e CARICOM. Consequentemente, o principal desafio a ser enfrentado pelos governos latino-americanos em um futuro próximo é gerenciar a interação entre políticas domésticas e seus acordos sub-regionais. 

Classificação JEL: F15; O10.


A Política Fiscal do Plano Real e o Ajuste Fiscal para 1999/2001
Ana Paula Ramos
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1224

O principal objetivo deste artigo é analisar os resultados da gestão da política fiscal no Brasil no período entre 1994 e 1999. A ideia central do texto é que não houve mudança significativa na gestão fiscal durante o período, mesmo considerando as programa de ajuste sob o acordo do FMI. A ênfase da política tem sido a abordagem de curto prazo, baseada no aumento das receitas fiscais como forma de evitar a deterioração dos déficits primários. Por outro lado, as reformas estruturais necessárias para apoiar o ajuste fiscal foram adiadas continuamente.

Classificação JEL: E31; E62.


A economia da “Terceira Via”
Philip Arestis, Malcolm Sawyer
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1259

Este artigo procura delinear o tipo de análise econômica que percebemos estar envolvida nas ideias da ‘terceira via’. No Reino Unido, o surgimento e a eleição de “novo partido trabalhista” tem sido intimamente associado ao desenvolvimento da noção de “terceira via”. Esboçamos o que vemos, como a análise de uma economia de mercado que sustenta as ideias da “terceira via”, seguida de algumas observações sobre o papel do Estado que também está envolvido. Procuramos ilustrar nossa análise por referência às declarações de política do novo governo trabalhista no Reino Unido. 

Classificação JEL: D72; P16.


A busca pelo ouro: debates monetários no Brasil do século XIX
André Villela
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1222

O artigo examina alguns aspectos das controvérsias monetárias que ocorreram em vários países durante o século XIX. No Brasil, os defensores do padrão ouro e da restrição monetária, conhecidos como metalistas, prevaleceram sobre os papelistas, cujo principal desejo era a expansão monetária e a criação de crédito. Argumentaremos que os tratamentos anteriores dos debates monetários no Brasil do século XIX ignoraram um ponto crucial, a saber, a defesa (ou não) da conversibilidade dos mil-réis. Isso levou a interpretações errôneas da ideologia subjacente à gestão monetária no período.

JEL Classification: N16; E51.


Meta Inflacionária, Juros e Preços no Varejo Brasileiro
Fernando Nogueira da Costa, Simone Silva de Deos, José Valney de Brito
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-0948

Neste artigo, analisamos as metas de inflação, com foco no mecanismo de transmissão de juros e preços. Seus fundamentos teóricos são analisados com base na literatura convencional e alternativa. Discutimos o desempenho recente do setor de varejo no Brasil, destacando como a política monetária afeta os preços, direta e indiretamente. Concluímos a avaliação crítica da meta de inflação. Nossa principal hipótese é que as taxas de juros devem ser vistas não apenas como um instrumento para controlar o nível geral de preços e o nível de atividade, regulando indiretamente a demanda agregada. Também deve ser visto como um componente fundamental e direto dos preços formados no varejo brasileiro. O grande risco de uma meta de inflação, por um lado, é aumentar a deflação e, por outro, criar estagflação – desemprego e inflação. 

Classificação JEL: E31; E52; L81.


PROCERA: Institucionalidade, Subsídio e Eficácia
Gervásio Castro de Rezende
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-0956

Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa sobre a eficácia do Programa Especial de Crédito para Reforma Agrária (PROCERA). Começa mostrando a recente evolução dos desembolsos dentro do programa, as fontes de recursos e a taxa de subsídios. Em seguida, prossegue discutindo os objetivos do programa e propondo uma medida de sua eficácia. Além disso, argumenta-se que, devido à alta taxa de subsídios e à estrutura institucional do programa, que gera a crença por parte do mutuário de que o empréstimo não deve ser pago, a eficácia do programa deve ser muito baixa. Isso significa que a maior parte do crédito é usada para comprar bens de consumo ou aumentar a produção para autoconsumo, em vez de aumentar a produção voltada para o mercado. Também são apresentadas algumas evidências empíricas a favor dessa hipótese.

Classificação JEL: Q18; O13; Q15.


Vale do Silício no Sul
Mitsuhiro Kagami, Akifumi Kuchiki
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1229

Novas tendências estão ocorrendo nas indústrias manufatureiras lideradas por empresas multinacionais (EM). A globalização e a liberalização, juntamente com a revolução da tecnologia da informação (TI), aceleraram o setor de “fábulas” na economia de rede, ou seja, terceirizar processos de produção e aquisição global de peças por multinacionais. Como consequência disso, a função principal da multinacional mudou de fabricante para prestadora de serviços, terceirizando processos de produção para fabricantes de contratos estrangeiros (EMs). Na verdade, o NAFTA transformou o México em uma plataforma de produção para os EUA e o Canadá, além de países da América Latina. Podemos observar essas mudanças dramáticas, por exemplo, em Guadalajara, no México, agora chamado de “Vale do Silício no Sul”. Como as multinacionais usam seus nomes de marca para vender produtos, suas funções comerciais se aproximam da indústria da moda. Eles comercializam seus produtos da mesma maneira que a Gucci e a Chanel vendem produtos de design original com os nomes de suas marcas. Portanto, o design e o marketing do produto se tornam muito importantes para as multinacionais alcançarem sucesso nos negócios, enquanto os fornecedores domésticos foram deixados para trás para o fornecimento de peças e componentes nesta nova cadeia de suprimentos global.

JEL Classification: L60; L11.


Política industrial: uma visão Neo-Schumpeteriana Sistêmica e Estrutural
Carlos Augusto Grabois Gadelha
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-0953

Este artigo desenvolve uma visão neo-Schumpeteriana da política industrial, tentando superar os focos trabalhados pela teoria econômica convencional. Mostra a inadequação da distinção sugerida pelas abordagens que privilegiam a dimensão horizontal e pelas que defendem uma concepção seletiva da política industrial. A intervenção estatal na dinâmica de inovações da indústria deve ser, simultaneamente, sistêmica e estrutural, privilegiando a ação estatal nas interdependências sistêmicas específicas em relação às diferentes indústrias. Assim sendo, a política industrial sistêmica envolve opções, cuja definição depende dos requisitos peculiares de competitividade da estrutura industrial efetiva e desejada.

Classificação JEL: L52; B52.


Da Repressão Financeira ao Microcrédito
Manfred Nitsch, Carlos A. Santos
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1232

A liberalização acabou por não ser suficiente para garantir a prestação de serviços financeiros aos pobres, especialmente pequenas e microempresas. Instituições especiais, como o Grameen Bank, em Bangladesh, experimentaram com sucesso tecnologias de crédito e estruturas de governança que mostravam a viabilidade de instituições que são ao mesmo tempo comercialmente sustentáveis e orientadas para grupos-alvo. As estratégias recentes centram-se na atualização de fundos rotativos de ONGs, na redução de escala de bancos comerciais e de desenvolvimento e a partir do zero com instituições especializadas.

Classificação JEL: D14; G21; O15; O16.