v. 19 n. 3 (1999): Jul-Sep / 1999


v. 19 n. 3 (1999)

Jul-Sep / 1999
Publicado em julho 1, 1999

Artigo


A atuação do banco central em uma economia estabilizada: é desejável adotar metas inflacionárias no Brasil?
Francisco Rigolon, Fabio Giambiagi
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571999-1094

Este artigo trata da possível adoção de metas explícitas de inflação por autoridades
monetárias no Brasil, seguindo o exemplo das experiências da Nova Zelândia, Canadá,
Reino Unido, Suécia, Finlândia, Austrália e Espanha. As metas de inflação funcionariam,
primeiro, como um dispositivo de coordenação para os envolvidos no processo de fixação
de preços e salários; e, segundo, como um objetivo transparente da política monetária, cujo
desempenho seria avaliado pela aderência da inflação às metas. O artigo mostra as motivações
que explicam a adoção do regime, discute seus fundamentos teóricos e analisa os
problemas e compromissos relacionados à sua implementação na prática. Por fim, com base
na teoria e na experiência internacional, são desenvolvidos alguns argumentos a favor da
adoção do regime de metas de inflação no Brasil.

Classificação JEL: E52; E58; E43.


Houve uma alternativa para a crise brasileira?
J. A. Kregel
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571999-1189

Diferentemente da Ásia, altas taxas de juros e taxas de câmbio estáveis associadas
ao Plano Real não produziram deflação da dívida corporativa devido ao baixo endividamento
corporativo no Brasil. Em vez disso, altas taxas de juros fizeram com que os saldos
externo e fiscal se deteriorassem, reduzindo a confiança. Qualquer tentativa de reduzir as
taxas de juros trazia a ameaça de fraqueza da moeda e o risco de inflação. A crise deveu-se
à dependência de altas taxas de juros para atrair fluxos de capital insuficientes para produzir
investimentos que proporcionavam uma taxa de crescimento satisfatória.

Classificação JEL: F41; F65.


A economia política da reforma do Estado – essencialmente política
Kenneth A. Shepsle
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571999-1090

A reforma das instituições governamentais é atualmente bastante saliente, pois
muitos países lutam com a transição para a democracia. É uma preocupação constante
dos países em desenvolvimento, bem como de democracias altamente desenvolvidas como
a Grã-Bretanha. Organizações internacionais como o Banco Mundial estão especialmente
interessadas nas perspectivas de reforma política para as economias nacionais que estão
começando a definhar atualmente na pobreza e no crescimento lento. Para muitos comentaristas
sobre essas questões, no Banco e em outros lugares, a política é a fonte dos problemas.
A política (e os políticos) são desprezados e os reformadores são incentivados a elaborar
esquemas que isolam as políticas econômicas da política. Isso é errado. O presente artigo
fornece uma estrutura político-econômica na qual a ambição política figura com destaque e,
no entanto, uma atitude construtiva em relação à política é acomodada.

Classificação JEL: H50; D72.


Estrutura de propriedade e eficiência: uma análise com Teoria dos Incentivos
Paulo Augusto P. de Britto
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571999-1096

Este artigo discute a influência da estrutura de propriedade sobre a eficiência. A
estrutura usada é a teoria do incentivo, na qual o principal deve construir um esquema de
incentivos, o que induz um agente a agir de maneira ideal. Primeiro, verificamos os motivos
da intervenção pública em indústrias com falha de mercado. A seguir, estudamos a
deterioração da estrutura de incentivos sobre os gerentes como resultado da mudança de
propriedade. Assim, verificamos como a estrutura de incentivos pode ser restaurada com a
privatização da empresa, com a manutenção, pelo governo, de algum controle sobre a empresa.
Por fim, fazemos uma breve exposição sobre os instrumentos regulatórios.

Classificação JEL: D42; D43; D12; L13.


Incerteza, convenções e expectativas de curto-prazo
David Dequech
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571999-1050

Contrastando diferentes visões sobre o tema, este artigo examina se as expectativas
de curto prazo envolvem incerteza, argumentando a favor de uma resposta afirmativa
e, assim, invalidando qualquer associação com a hipótese de expectativas racionais ou
adaptativas. Argumenta-se então que a presença de incerteza impede qualquer tendência ao
equilíbrio. Após a introdução da noção de estado das expectativas de curto prazo, afirma-se
que essa conclusão é válida mesmo se considerarmos que os produtores geralmente seguem
o comportamento convencional. Defendendo a visão de que a incerteza deve ser considerada
como graduável, o artigo sustenta que as convenções reduzem, mas não eliminam a incerteza.

Classificação JEL: E12


As empresas francesas e o financiamento da industrialização do Brasil
Frédéric Mauro
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571999-1053

Este pequeno artigo faz parte de uma comunicação sobre empresas francesas na
América espanhola. Este é apenas sobre o Brasil. No Brasil, tivemos duas oportunidades de
estudar a história dos investimentos franceses naquele país durante os séculos XIX e XX.
Aqui estamos passando de um ponto de vista macroeconômico e global para um ponto de
vista microeconômico e de empreendedorismo. A posição francesa no Brasil desde 1800
pode ser retomada em algumas palavras: presença demográfica muito fraca, mas muito
forte cultural e econômica. Dessa presença econômica, não estudamos o aspecto comercial,
mas apenas o financeiro. Parece conveniente lembrar ao público algumas características
típicas desse aspecto financeiro antes de examinar alguns tipos de empresas francesas que
se dedicam à economia brasileira.

Classificação JEL: N66; N63; N76; N73.


Economia e política do desenvolvimento recente na China
Carlos Aguiar de Mederios
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571999-1082

O recente desenvolvimento econômico chinês é uma das conquistas mais importantes
deste século. Durante os anos 80, a estratégia americana de derrotar a antiga União
Soviética e suas políticas comerciais e cambiais destinadas a diminuir o superávit comercial
japonês foram fatores importantes para a estratégia de desenvolvimento chinesa. Isso
consistia em um amplo e complexo conjunto de políticas de industrialização destinadas a
afirmar a soberania chinesa sobre seu território e população.

Classificação JEL: O10; P21; N15.


A economia política da transição agroambiental emergente nos EUA
José Eli da Veiga
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571999-1052

Este artigo é uma avaliação da mais recente lei agrícola americana do século XX
[Lei Federal de Melhoria e Reforma Agrícola (FAIR) de 1996] no contexto da atual transição
agroambiental. Os argumentos estão organizados como respostas a quatro perguntas
básicas: (1) Qual é a transição agroambiental emergente? (2) Como está se manifestando
nos EUA? (3) Por que a lei agrícola de 1996 é tão importante? (4) Quais são suas principais
disposições?

Classificação JEL: Q11; Q20; N52.


Mudança estrutural e alocação de investimentos em uma abordagem pasinettiana
Ricardo Azevedo Araújo, Joanílio Rodolpho Teixeira, Jorge Thompson Araujo
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571999-1023

Neste artigo, o modelo de alocação de investimentos de Feldman (1928) é desagregado
para estudar as implicações da introdução do seu processo de mudança estrutural.
Isso significa que a análise proposta aqui é realizada em uma estrutura multisetorial, onde
a produtividade e a demanda estão mudando a uma taxa distinta em cada setor. O modelo
de Feldman é então mostrado como um caso particular de Pasinetti (1981, 1993) e um
caminho de equilíbrio é estabelecido. Finalmente, analisamos a possibilidade de manter o
equilíbrio ao longo do tempo e são obtidas conclusões normativas.

Classificação JEL: E12; E22; O11; O41.


A teoria do capital de Turgot
Raul Cristovão dos Santos
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571999-1058

Este artigo examina a teoria do capital de Turgot. Chama a atenção por seu
procedimento metodológico ao extrair primeiro o próprio conceito de capital da análise
da circulação, para depois investigar seus possíveis empregos, entre eles o de atuar como
avanços na produção. Ao fazer isso, Turgot transforma em resultado lógico o que era
uma mera suposição da análise fisiocrática, a saber, a existência de uma classe de empreendedores
como proprietários da quantidade necessária de recursos para continuar
a produção.

Classificação JEL: B11; B31.