v. 18 n. 1 (1998): Jan-Mar / 1998


v. 18 n. 1 (1998)

Jan-Mar / 1998
Publicado em janeiro 1, 1998

Artigo


A nova ortodoxia do desenvolvimento: uma crítica do debate em torno da visão do banco mundial e elementos para uma abordagem alternativa neo-shumpeteriana
Carlos Augusto Grabois Gadelha
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571998-1251

O objetivo deste artigo é criticar o debate sobre a nova visão hegemônica do processo
de desenvolvimento proposta pelo Banco Mundial. Primeiro, apresenta a insuficiência
teórica do debate centrado no conceito de falhas de mercado, apontando que a abordagem
neoclássica domina seus termos. Segundo, são apresentados alguns elementos teóricos de
uma visão neo-schumpeteriana alternativa que rompe radicalmente com os fundamentos
neoclássicos, incorporando história, instituições e mudanças tecnológicas na análise do processo
de desenvolvimento, independentemente dos conceitos de falhas de mercado ou ideais.

Classificação JEL: B52; O31; O14.


Pressão externa e abertura comercial no Brasil
Marianne Nassuno
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571998-1262

Este artigo discute a influência da pressão externa no processo de liberalização
do comércio brasileiro. As condições sob as quais a pressão externa é definida são baseadas
na abordagem de autores de políticas internacionais conhecidas como “realistas” e relacionadas
aos interesses dos Estados, dependência de instrumentos específicos de pressão e
vulnerabilidade à pressão. São analisados eventos como o declínio da hegemonia americana,
a ascensão de países recém-industrializados, a globalização da economia internacional e a
crise da dívida, que levaram a um aumento do conflito internacional durante a década de
1980, além de fatores domésticos, como o econômico. vulnerabilidade do Brasil.

Classificação JEL: F60; F54.


A economia dos EUA: os analistas estão perdendo o objetivo?
João Marcus M. Nunes
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571998-1276

A visão convencional sobre a economia dos EUA é que o crescimento econômico
acima do “potencial” é ruim para os títulos, uma vez que significa inflação. O objetivo desta
nota é mostrar que, após a deflação de Volker (1980 a 1982), o regime político mudou e
obteve maior estabilidade econômica.

Classificação JEL: E43; E44; G10.


Moeda e cultura: elementos para uma abordagem institucional da moeda
Moacir dos Anjos Jr.
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571998-1291

Este artigo tem como objetivo demonstrar o caráter institucional do dinheiro e
examinar as condições necessárias para preservá-lo como operador social. O dinheiro é
uma instituição social, porque é central para a manutenção de práticas sociais necessárias
para a criação de riqueza produtiva e, portanto, para a reprodução material das economias
capitalistas modernas. Além disso, como o circuito produtivo é uma das esferas daquelas
economias em que “paixões” privadas e “interesses sociais” podem ser reconciliados, o
dinheiro é apresentado como um elemento de coesão social. Argumenta-se, no entanto, que
somente se a confiança na manutenção da “unidade das funções do dinheiro” persistir, o
dinheiro poderá ser preservado como instituição social. A confiança, em suma, mostra-se
emergir de um processo cognitivo incorporado em padrões culturais específicos, nos quais
as informações são geradas, transmitidas e reforçadas, gerando gradualmente hábitos e
convenções a serem seguidos pelos agentes econômicos.

Classificação JEL: E41; E42; B52.


Moeda, financiamento, sistema financeiro e trajetórias de desenvolvimento regional desigual: a perspectiva pós-keynesiana
Adriana M. Amado
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571998-1252

O artigo examina os papéis que o dinheiro e o sistema financeiro desempenham
no nível regional. Temos nossa análise baseada na teoria monetária pós-keynesiana e, mais
precisamente, nos modelos desenvolvidos pela Dow. Esses modelos demonstram um processo
de autoperpetuação que tende a ampliar as desigualdades iniciais em nível regional. O
comportamento financeiro dos agentes tende a gerar um processo de concentração bancária
que reforça as disparidades regionais reais.

Classificação JEL: G28; G21; E12; R19.


Evolução recente das rendas per capita estaduais no Brasil
Afonso Henriques Borges Ferreira
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571998-1277

O objetivo deste artigo é atualizar a análise do processo de convergência da renda
per capita do estado no Brasil, utilizando novos dados para o período 1986-1995. Os
índices L e T de Theil são usados para mostrar que o processo de convergência, observado
entre 1970 e 1985 e relatado em trabalhos anteriores, parou desde 1987. Algumas explicações
possíveis para esse resultado também são exploradas.

Classificação JEL: R11; O40.


O desemprego e seu diagnóstico hoje no Brasil
Claudio Salvadori Dedecca
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571998-1290

Nos anos 90, o fim do crescimento do emprego tem sido caracterizado de várias
formas pelas investigações sobre emprego e desemprego nas áreas metropolitanas brasileiras.
Enquanto a Pesquisa Mensal de Emprego (PME-IBGE) apresenta um baixo nível de
desemprego, a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED-Seade / Dieese) mostra a manifestação
mais intensa do fenômeno. Os indicadores produzidos por essas investigações têm
apoiado diferentes diagnósticos sobre o problema do emprego no país. Este artigo analisa
como os indicadores produzidos por essas investigações apoiam os diagnósticos específicos
dos problemas do emprego e subsidiam diferentes propostas de política de emprego.

Classificação JEL: J60; E24.


Rotatividade e qualidade do emprego no Brasil
Gustavo Gonzaga
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571998-1253

Vários estudos recentes mostraram que o principal problema do mercado brasileiro
parece ser o baixo nível de qualidade do emprego, e não a falta de criação de empregos. Este
artigo reúne novas evidências sobre esse tema, principalmente sobre rotatividade de mão-
-de-obra. De fato, o Brasil apresenta a maior rotatividade de mão-de-obra do mundo por
medidas comparáveis. O artigo também estuda como uma alta rotatividade de mão-de-obra
pode explicar parcialmente a baixa qualidade dos empregos observados no Brasil. O argumento
teórico é que a produtividade do trabalho depende essencialmente do nível de capital
humano, seja geral – através da educação básica – ou específico – através de treinamento no
trabalho. Como uma alta rotatividade de mão de obra desestimula o investimento em treinamento,
reduz o capital humano específico e, portanto, a produtividade do trabalho. Por fim,
são propostas algumas mudanças na legislação do mercado de trabalho, com o objetivo de
reduzir a rotatividade e aumentar a qualidade do trabalho.

Classificação JEL: J63; J24.


Evolução e características do emprego no setor bancário
Hugo E. A. da Gama Cerqueira, Wilson A. Costa de Amorim
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572000-1263

Este artigo analisa os efeitos de transformações recentes no sistema bancário
brasileiro sobre o nível e a composição do emprego nesse setor. Indicamos as medidas
adotadas pelos bancos para ajustar a baixos níveis de inflação e suas consequências sobre o
nível de emprego, a rotatividade e a distribuição espacial do pessoal. Também discutimos as
mudanças no perfil dos funcionários associadas à intensificação da automação e mudanças
no gerenciamento do processo de trabalho.

Classificação JEL: J23; K01.


Diferenciais de salários por gênero e cor: comparação entre regiões metropolitanas brasileiras
Claudia Helena Cavalieri, Reynaldo Fernandes
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572000-1295

O estudo analisa o comportamento das diferenças salariais considerando gênero
e raça nas áreas metropolitanas brasileiras. Com base em uma amostra da PNAD (1989),
foram examinados empiricamente o padrão das diferenças salariais nas áreas metropolitanas
em geral e, posteriormente, foi feita uma comparação regional. Repensando pesquisas anteriores,
este artigo revela que, em média, os salários dos homens são mais altos que as mulheres
e os recebidos pelos brancos são superiores aos negros. Mesmo após a realização de uma
série de controles, tais como: idade, bolsa de estudos, local de vida e raça (gênero). As diferenças
de gênero revelaram-se mais homogêneas entre as regiões do que as diferenças raciais.

Classificação JEL: J31; J71.


Processo de trabalho e tempo digital
Henri Acselrad
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572000-1296

O artigo apresenta uma análise crítica da atual estrutura conceitual aplicada
para identificar o conteúdo de conhecimento técnico de trabalhos industriais. Aponta para
a obsolescência da noção de “tarefa” tradicionalmente usada para descrever os locais de
trabalho e controlar a produtividade do trabalho. Com base em pesquisas empíricas sobre
mudanças tecnológicas no processo de controle de empresas petroquímicas, siderúrgicas e
de papel e celulose, o autor sugere que uma nova concepção de tempo – um tipo de tempo
“digital” e qualitativo – substitua o tempo quantitativo tradicional pelo qual o taylorismo
estabeleceu suas técnicas de controle.

Classificação JEL: J22; J21; J20.


Fatores determinantes dos salários relativos: estudo empírico com dados primários para a região metropolitana do Recife
Alexandre Rands Barros, Maurício Rands Barros
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572000-1254

Este artigo apresenta algumas hipóteses sobre a determinação de salários e baseia-
-se em uma pesquisa com 210 questionários aplicados a trabalhadores em Recife para testá-
-los empiricamente. As principais conclusões são: (i) O capital humano é um fator importante
na determinação dos salários reais e o ambiente doméstico é crucial para sua acumulação; (ii)
a força de negociação dos trabalhadores, medida pelo modelo sindical, bem como o tamanho
e a propriedade da empresa, também são fatores relevantes para determinar o salário real;
(iii) a afiliação de sindicatos à Central Única dos Trabalhadores aumenta os salários; (iv) a
idade é uma variável relevante para determinar os salários, mas apenas no conjunto que
inclui empresas estatais; (v) o número de dependentes também é relevante para determinar
os salários relativos; e (vi) os salários para as mulheres são mais baixos que para os homens.

Classificação JEL: J3; J24.