v. 17 n. 1 (1997): Jan-Mar / 1997


v. 17 n. 1 (1997)

Jan-Mar / 1997
Publicado em janeiro 1, 1997

Artigo


A crise da economia japonesa nos anos 90: impactos da bolha especulativa
Ernani Teixeira Torres Filho
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571997-1017

De 1953 a 1992, o Japão atingiu as maiores taxas de crescimento econômico
entre os países industrializados. Esse desempenho foi alcançado apesar de dois choques do
petróleo e do endaka – a contínua valorização do iene em relação ao dólar. Este ciclo de
crescimento de longo prazo foi interrompido repentinamente no início dos anos 90. A economia
japonesa estagnou enquanto outros países industrializados continuaram crescendo.
Isso se deveu principalmente ao estouro da “bolha econômica”. De 1990 a 1992, o valor
dos terrenos urbanos e do índice do mercado de ações foi reduzido para quase metade.
Como resultado, os bancos japoneses acumularam US $ 800 bilhões em ativos realizados.
Este artigo pretende analisar a “crise da economia de bolha” japonesa e seus impactos de
longo prazo na economia japonesa, em seu sistema financeiro e em suas relações bilaterais
com os Estados Unidos.

Classificação JEL: F65; F62; N15.


Crise financeira: antigas e novas abordagens
Jouliana Jordan Nohara
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571997-1018

Este ensaio tem como objetivo delinear as discussões teóricas sobre a crise financeira.
Três abordagens explicam o evento: a monetarista, a abordagem de informação assimétrica
e a hipótese de instabilidade financeira. O primeiro se mostrou inadequado quando
confrontado com a experiência. Os outros dois têm em comum a tentativa de incluir o
mercado financeiro com todas as suas instituições na análise econômica. No entanto, eles
diferem na concepção sobre o modo de funcionamento da economia.

Classificação JEL: E32; G28.


Liberalização financeira, bolha especulativa e crise bancária no Japão
Maria Luiza Levi
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571997-1029

Este artigo examina o ambiente institucional do sistema financeiro japonês e seu
papel na bolha dos preços dos ativos e na crise financeira. O processo de desregulamentação
da década de 80 eliminou diversas regras que antes eram utilizadas pelo governo para
monitorar o crescimento econômico por meio de políticas monetárias e de crédito. Os bancos
voltaram-se para operações mais arriscadas e, em um período de baixas taxas de juros,
contribuíram para impulsionar a liquidez para os setores especulativos, que estavam no
centro da bolha de ativos. A mudança na política monetária acabou com a alta dos preços
dos ativos e resultou na inadimplência de muitos tomadores de empréstimos. Desde 1991,
o setor bancário japonês tenta absorver o enorme volume de empréstimos inadimplentes de
sua carteira relacionados a esse processo.

Classificação JEL: F65; G18; G21.


A crise fiscal da União: o que aconteceu recentemente?
Fabio Giambiagi
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571997-0960

Este artigo atualiza a discussão sobre a situação fiscal do governo central no
Brasil. Mostra-se que, entre 1988 e 1995, as receitas do Tesouro Nacional aumentaram
quase 3% do PIB. Consequentemente, durante 1990-1995, o governo central apresentou
equilíbrio fiscal, resultado melhor do que o déficit médio de 2,8% do PIB observado em
1985-1989. Apesar desses números, destacam-se alguns problemas da situação atual das
contas fiscais e do peso crescente da massa salarial e dos gastos da Previdência Social (a)
que juntas saltaram de 47% para 60% do faturamento entre 1988 e 1995, (b) é apontada
como a razão mais importante para a restrição orçamentária da maioria dos ministérios.

Classificação JEL: E62.


Um quadro teórico alternativo para as interações Estado-economia nas economias em processo de transformação
Robert Delorme
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571997-0981

Este artigo parte da premissa de que estruturas de representação e visões de
mundo são importantes para reflexão e decisão na formulação de políticas econômicas, tornando-
se mais importantes à medida que as apostas são altas e o futuro é incerto, como nos
países da Europa Central e Oriental. Parece haver um sentimento crescente de discrepância
entre os erros cometidos, embora baseados em um corpo bastante unificado de teoria econômica
científica, e pontos de vista diferentes que defendem mais pragmatismo e menos
excesso de confiança na análise econômica. Estas últimas, entretanto, estão dispersas e sofrem
com a ausência de uma estrutura teórica unificada, embora compartilhem várias características
básicas que não são percebidas. Este artigo tenta refletir sobre essa alternativa.

Classificação JEL: O20: P11.


Relendo Hegel e Marx: A “Nova Dialética” e o método de capital
Alfredo Saad Filho
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571997-0917

A “nova dialética” oferece uma nova interpretação do método de Marx. Sua
faceta mais saliente é a ênfase em certos aspectos da lógica hegeliana para a interpretação
dos escritos de Marx, em especial O Capital. Este artigo apresenta sistematicamente o argumento
da “nova dialética” e os principais problemas dessa abordagem. Os últimos derivam
da presunção de que a riqueza do concreto está contida na mercadoria e pode ser revelada
apenas através da dialética. Essa visão é deficiente porque negligencia a influência de elementos
historicamente contingentes na realidade concreta, e seu papel na análise de Marx.

Classificação JEL: B14; B12; B24: B31; B40.


Questão Federativa no Brasil: um “Estado das Artes” da Teoria
Basilia Maria Baptista Aguirre, Marcos Ribeiro de Moraes
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571997-0923

O objetivo deste artigo é demonstrar a importância da construção de um referencial
teórico para apreender adequadamente o significado da questão do federalismo
no Brasil. Primeiramente, fazemos um levantamento das principais teorias que abordam
a questão do federalismo para analisar se elas se enquadram ou não no caso brasileiro.
Focalizando então a literatura recente sobre o federalismo brasileiro, mostramos como sua
falta de perspectiva analítica deixa de explicar as interações entre os diferentes níveis de
governo ocorridas nas últimas décadas. Por isso, propomos uma linha de pesquisa ajustada
à questão do federalismo brasileiro, que deve levar em conta não apenas o ambiente político
específico existente naquele país, mas também a racionalidade das instituições e grupos
sociais organizados envolvidos naquele assentamento federativo.

Classificação JEL: H11; H50; B49.

Pequeno Artigo


Dinâmica da firma bancária em alta inflação
Luiz Fernando de Paula
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571997-0933

Este artigo examina as mudanças no comportamento das estratégias, riscos, oferta
de crédito e receitas das empresas bancárias – em um regime de alta inflação.

Classificação JEL: D21; G21.


As três formas de desvalorização cambial
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571997-1028

Quando a taxa de câmbio está sobrevalorizada e a balança comercial é negativa,
existem três formas de desvalorizar a moeda local: desvalorização direta, ajuste fiscal e aumento
da produtividade a uma taxa superior à dos concorrentes. As três formas envolvem
uma mudança nos preços relativos, com a redução dos preços dos não comercializáveis em
relação aos comercializáveis e, portanto, uma redução relativa dos salários reais. O aumento
da produtividade é a primeira opção, uma vez que não acarreta redução real dos salários,
o ajuste fiscal é a segunda opção, pois é de qualquer forma necessário e não contém o risco
de inflação. Dado esse risco, a desvalorização direta é a terceira melhor. No entanto, como
é difícil controlar o aumento da produtividade na economia local e impossível nas concorrentes,
e como o ajuste fiscal leva à desvalorização apenas indiretamente ao reduzir a demanda
por bens não comercializáveis, muitas vezes os formuladores de políticas recorrem
à terceira melhor alternativa.

Classificação JEL: F31; E58.