v. 17 n. 3 (1997): Jul-Sep / 1997


v. 17 n. 3 (1997)

Jul-Sep / 1997
Publicado em julho 1, 1997

Artigo


O mecanismo de transmissão de política monetária em uma economia em processo de estabilização: notas sobre o caso Brasil
Francisco Lopes
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571997-1049

Esta nota apresenta algumas considerações sobre a dificuldade de compreensão
do mecanismo de transmissão da política monetária. Essa dificuldade se torna ainda mais
acentuada no caso de economias que passam por uma mudança de ambiente de taxas de
inflação altas para baixas, com uma análise para o caso brasileiro.

Classificação JEL: E52; E58.


Comportamento da base monetária e seus fatores condicionantes no Brasil no período de janeiro de 1992 a março de 1996
Robert Wayne Samohyl, Roberto Meurer
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571997-0939

Este artigo estuda o comportamento da base monetária e seus determinantes
próximos no Brasil entre janeiro de 1992 e março de 1996. Para tanto, o artigo analisa as
variações mensais da base, utilizando coeficientes de correlação e a participação relativa
de cada determinante na variação total. A análise demonstra que existem várias diferenças
específicas antes e depois do Plano Real no perfil dos determinantes. No entanto, a análise
também mostra que em ambos os períodos um dos principais determinantes da base monetária
é o fluxo líquido de divisas para o Brasil.

Classificação JEL: E58; C54.


Estratégia e estrutura para um novo estado
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571997-0944

Uma das grandes reformas do governo Cardoso é a administrativa. A proposta
básica é transformar a administração pública brasileira de uma administração burocrática
em gerencial. O surgimento, no século XIX, de uma administração pública burocrática em
substituição às formas patrimonialistas de gestão do Estado representou um grande avanço.
Mas não fazia mais sentido quando o estado havia adicionado ao seu papel a oferta de
educação pública, saúde pública, cultura pública, seguridade social, incentivos em ciência e
tecnologia, investimentos em infraestrutura, proteção ao meio ambiente. A administração
pública gerencial surgiu como resposta à crise do Estado, como forma de enfrentamento
da crise fiscal, como estratégia de tornar menos onerosa e eficiente a administração dos
enormes serviços que o Estado assumia, além de dispositivo para proteger o patrimônio
público contra o rentismo ou a corrupção. A nova administração pública é orientada para
resultados e para o cidadão; pressupõe que os políticos e funcionários públicos têm direito
a um grau limitado de confiança; utiliza como estratégia a descentralização e o incentivo
à criatividade e inovação; controla os gestores públicos por meio de contratos de gestão.

Classificação JEL: H11; O23.


Neoliberalismo e distribuição de renda na América Latina
Werner Baer, William Maloney
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571997-0901

Este artigo analisa as principais medidas de política neoliberal instituídas na
América Latina na última década e seu impacto sobre a equidade. Ele primeiro enfatiza a
dificuldade de separar o impacto das medidas de liberalização dos ajustes fiscais necessários
da década de 1980, e seus efeitos de transição versus longo prazo, e então coloca os movimentos
observados na distribuição em um contexto global e histórico. A segunda parte coloca
várias inovações dos regimes neoliberais em perspectiva histórica e argumenta que seu
impacto geral provavelmente não será regressivo e que os regimes anteriores provavelmente
não foram especialmente progressivos. A longo prazo, a evolução dos mercados de fatores
provavelmente será de importância primordial – o lado da demanda, impulsionado pelo
crescimento industrial reorientado e a crescente importância do setor de serviços, interagindo
com a oferta relativa de mão de obra qualificada e não qualificada – provavelmente será
de importância primordial na determinação da evolução da distribuição do rendimento.

Classificação JEL: F62; F66; O11.


O "fordismo" na acepção regulacionista
José Eli da Veiga
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571997-0896

Parte da análise da mudança contemporânea, o “fordismo” empresta seu nome a
um conjunto de debates desafiadores, essenciais e controversos sobre a natureza do capitalismo
do século XX. Ao destacar suas ambiguidades, este breve artigo visa delinear o valor
heurístico do “fordismo” como conceito teórico.

Classificação JEL: B24; P16.


A regulação das indústrais de rede: o caso dos setores da infra-estrutura energética
Danilo de Souza Dias, Adriano Pires Rodrigues
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571997-0943

Este artigo discute a regulamentação dos setores de infraestrutura, especialmente
no caso das indústrias de grade. São apresentados os principais modos de regulação e os
modelos organizacionais mais frequentes aplicados a este tipo de indústria. Adotando a
indústria de gás natural como uma estrutura de referência básica, uma análise é desenhada
para enfatizar o papel do acesso aberto para aumentar a competitividade das indústrias de
grade. Alguns aspectos discutidos no artigo são destacados usando a privatização da indústria
britânica de gás como exemplo.

Classificação JEL: L16; L51.


Modernização da agropecuária, emprego agrícola e êxodo rural no Brasil - a década de 1980
Charles C. Mueller, George Martine
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571997-0897

O artigo examina os efeitos das mudanças significativas na política agrícola do
Brasil durante a década de 1980, sobre a capacidade de suas áreas agrícolas modernas de
gerar empregos e reter a população rural. Isso foi feito identificando grandes zonas de rápida
expansão e modernização agrícola e observando as mudanças na década, no emprego
agrícola e na população rural. Foi possível constatar que as áreas de agricultura moderna
no Centro-Sul do país e nas savanas (“cerrados”) do Centro-Oeste geraram muito poucos
empregos ou experimentaram declínios de mão de obra agrícola. Além disso, a população
rural de todas essas áreas experimentou reduções. No Centro-Sul as quedas foram bastante
expressivas, mas mesmo nos cerrados ocorreram reduções significativas. Portanto, ao
contrário do que se poderia esperar das mudanças na política agrícola decorrentes da crise
dos anos 1980, a agricultura brasileira continuou a expulsar mão-de-obra rural e população.
Porém, no período esta expulsão foi mais seletiva, restringindo-se principalmente a
áreas agrícolas dinâmicas. No resto do país, ao contrário do que ocorreu nos anos 1970, a
emigração rural ou foi pequena ou houve retenção de população. Na verdade, esse padrão
contrastante de migração tornou possível uma redução geral da migração rural no Brasil
na década de 1980.

Classificação JEL: Q15; R11; O13.


Mercado de trabalho em Keynes e o papel da rigidez de salários nominais
Selene Peres Peres Nunes, Ricardo da Costa Nunes
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571997-0940

Este artigo discute a afirmação de que a Teoria Keynesiana seria “um caso particular
da Teoria Clássica com salários rígidos”. Ele examina se a análise keynesiana depende
da hipótese de rigidez e em que medida a referida hipótese foi realmente usada na Teoria
Geral. O mercado de trabalho neoclássico é criticado. A Teoria Keynesiana do Emprego, a
Resposta de Pigou e a Síntese Neoclássica também são examinadas. A análise do método
aplicado na Teoria Geral do Emprego, Juros e Moeda – método estático de um processo
dinâmico – leva à conclusão de que suas ideias representaram uma revolução completa no
pensamento econômico vigente antes de sua publicação.

Classificação JEL: B22; B31; E12.


Relações governo central-governos estaduais na Índia e no Brasil:Privatização elétrica e bancária
Leslie Elliott Armijo, Prem Shankar Jha
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571997-0921

Este artigo pergunta: “Quando e por que os governos estaduais se opõem (ou
apoiam) programas de privatização iniciadas pelo governo central?”. Nós examinamos iniciativas
nacionais de privatização na década de 90 na Índia e no Brasil nas áreas de eletricidade
e bancos e as diferentes respostas dos governos estaduais em cada um dos maiores
centros financeiro e industrial em seus países, os estados de Maharastra e São Paulo. Possíveis
explicações para a oposição dos estados às iniciativas do governo federal como nos casos
do Enron e Banespa incluem: (1) compromissos ideológicos dos líderes dos estados, (2)
diferenças políticas ou de coalizão política entre os governos estadual e federal e, (3) uma
distribuição desigual dos custos e benefícios oriundos da privatização entre os governos
estadual e federal. Este artigo sugere que a explicação (3), conflito de interesses, é a melhor
explicação, embora a natureza das alianças políticas (2) e os valores políticos possam ter
influência. Este artigo conclui que instâncias políticas aparentemente irreconciliáveis podem
ser frequentemente melhoradas e alguma distribuição dos benefícios pode fazer o pacote
mais atrativo para os líderes dos estados.

Classificação JEL: H77; L33.

Resenha


O preço da riqueza
Ademar Ribeiro Romeiro
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571997-%200979

O artigo revisa o trabalho de E. Altvater lidando com os desafios do esgotamento
ambiental para a sobrevivência da humanidade. Mostra a lógica de sua estrutura analítica,
construída para demonstrar sua tese central: os crescentes problemas ambientais são inerentes
ao desenvolvimento do capitalismo, levando a uma nítida divisão entre um pequeno
número de países com altos níveis de consumo de recursos naturais e os demais, pobres,
destinados a desempenhar um papel de reservas de recursos naturais para os primeiros.
O artigo discute a validade da hipótese deste modelo analítico. Assume como verdadeiro
apenas o primeiro, sobre a impossibilidade de difundir para todo o mundo os padrões de
produção e consumo euro-americanos sem causar um desastre ambiental. Os outros são
vistos como carentes de evidências empíricas ou de argumentos mais sólidos.

Classificação JEL: Q56; W452; Y30.