v. 16 n. 2 (1996): Apr-Jun / 1996


v. 16 n. 2 (1996)

Apr-Jun / 1996
Publicado em abril 1, 1996

Artigo


Homenagem a Anibal Pinto
Maria da Conceição Tavares
Brazilian Journal of Political Economy

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O real e seu imaginário
Renato Janine Ribeiro
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0828

Este artigo examina o caráter simbólico da nova moeda brasileira, o Real, cujo
nome sugere sua ambição de não apenas representar um valor, mas ser a própria realidade.
Além disso, a utilização de imagens naturais, em vez de históricas, no carimbo das novas notas
indica o desejo de dar o caráter de realidade à moeda lançada em 1994, enquanto mostra
a inflação como produto de uma imaginação desordenada. Portanto, a nova representação
simbólica da moeda combina muito bem com o discurso político que sustenta o real.

Classificação JEL: Z13; Z19.


A irredutibilidade da macro à microeconomia: uma abordagem metodológica
Luiz Carlos Bresser-Pereira, Gilberto Tadeu Lima
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0956

Este texto critica a idéia, bastante difundida atualmente, da necessidade de se buscar microfundamentos para a macroeconomia. Os autores argumentam que esses dois campos da economia, a micro e a macroeconomia, utilizam abordagens metodológicas diferentes. A microeconomia trata dos problemas econômicos segundo uma metodologia lógico-dedutiva, enquanto a macroeconomia caracteriza-se mais por uma abordagem histórico -indutiva. A tentativa de reduzir-se a macroeconomia à microeconomia, ou vice-versa, traz apenas um empobrecimento à ciência e ao debate econômico, em que, idealmente, deveria haver espaço para um grande pluralismo de idéias e correntes teóricas.

Classificação JEL: B41; E10.


Abordagens alternativas para as crises financeiras em mercados emergentes
Jeffrey Sachs
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0954

Este texto analisa a ocorrência de crises nos mercados financeiros das economias chamadas emergentes. Na seção 2 analisam-se os fatores que podem levar à ocorrência de crises financeiras nesses mercados, bem como sugerem-se algumas medidas macroeconômicas ou arranjos institucionais que poderiam evitá-las ou minimizá-las. Na seção 3 discute-se o papel de organismos internacionais, principalmente do FMI, com relação à prevenção e resolução dessas crises.

Classificação JEL: F37; F65.


A armadilha do controle dos preços públicos: o exemplo dos insumos energéticos
Décio Katsushigue Kadota, Carlos Roberto Azzoni
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0803

O artigo argumenta que, ao controlar os preços públicos, o governo entra em
uma armadilha: esse controle não reduz a inflação como esperado no primeiro momento
e ativa fatores que a aumentarão posteriormente. A análise é desenvolvida para preços
administrados pelo governo na área de energia e emprega um modelo de insumo-produto
que leva em consideração os impactos diretos e indiretos das mudanças de preço. Quando
os preços públicos são reduzidos, o impacto sobre a inflação é pequeno; mas, como isso cria
dificuldades financeiras para as empresas públicas, elas demandam recursos do governo e/
ou valorização dos preços posteriormente.

Classificação JEL: D57; E31.


A URV e sua função de alinhar preços relativos
João Sicsú
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0913

O Plano Real de estabilização foi dividido em três fases. A primeira fase envolveu
problemas de natureza fiscal: o déficit governamental. O segundo, realizado de março a
junho de 1994, teve como objetivo equilibrar preços e remunerações relativos. O terceiro
passo derrubaria a inflação. O objetivo do artigo é discutir se o dispositivo introduzido na
segunda etapa do Plano, a Unidade Real de Valor (URV), cumpriu o objetivo de auxiliar
a economia brasileira na descoberta de um vetor equilibrado de preços relativos. Conclui-
-se que a URV não desempenhou seu papel adequadamente e que o plano, apesar desse
problema, foi bem-sucedido no período inicial da terceira etapa devido a outros motivos
– também discutidos no texto.

Classificação JEL: E31; E52.


Crescimento econômico, retornos crescentes e concorrência monopolista
Pedro Cavalcanti Ferreira, Roberto Ellery Jr.
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0928

Neste artigo, investigamos as deficiências teóricas dos modelos tradicionais de
crescimento neoclássico e como a nova literatura de crescimento endógeno surgiu para
superar essas deficiências. Estudamos as razões teóricas da hipótese nos modelos tradicionais
– alguns deles necessários para a existência de equilíbrio – que implicaram resultados
empíricos contra-factuais, como convergência. Investigaremos como essas hipóteses foram
relaxadas ou substituídas, até um ponto em que a nova literatura acaba trabalhando com
retornos crescentes e modelos de concorrência monopolista de inspiração schumpeteriana
que proporcionam crescimento sustentado e destruição criativa.

Classificação JEL: O41; O11.


Demonstrar a ordem racional do mercado: reflexões em torno de um projeto impossível
Angela Ganem
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0925

A abordagem walrasiana na teoria neoclássica visa explicar um equilíbrio geral
e estável ao longo do tempo, que é determinado pelo comportamento maximizador dos
agentes no mercado. Este artigo pretende destacar as principais deficiências lógicas inerentes
à Teoria do Equilíbrio Geral, que têm implicações importantes no nível da pesquisa.
Nesse contexto, as principais questões passam a ser: i) no nível das premissas, a questão
da estabilidade introduz uma indeterminação fundamental no modelo; ii) as conhecidas
imperfeições do mercado no mundo real contribuem para a impossibilidade de estabelecer
princípios gerais. A busca para resolver os problemas por meio de uma abordagem mais
realista gera novas indeterminações e dificulta ainda mais o Pareto Optimum. Para entender
melhor as impossibilidades lógicas e metodológicas dessa teoria, o artigo sugere encaminhar
o programa de pesquisa à filosofia construtivista racional dos tempos modernos.

Classificação JEL: B20; B41.


Fontes históricas do subdesenvolvimento brasileiro
Alexandre Rands Barros
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0855

Neste trabalho mostra-se que o Brasil já entrou no século passado com atraso em relação aos países desenvolvidos. As três principais visões para explicar esse fato são revistas e uma quarta, baseada em desenvolvimentos teóricos recentes, é apresentada. Essa visão explica o atraso da economia brasileira pela composição de suas classes sociais, as raízes históricas destas e as suas inter-relações.

Classificação JEL: O15; O19; N16.


A demanda por M4 e a substituição da moeda no México: 1978-1990
Luis Miguel Galindo P.
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0874

O objetivo deste ensaio é analisar a demanda por M4 e os fluxos de capital no
México para o período 1978-1990. A análise econométrica utiliza fortemente a metodologia
geral a específica, a cointegração e um modelo de correção de erros. A evidência empírica
mostra a existência de uma demanda estável por M4. A demanda por M4 depende, a
longo prazo, de renda e taxa de juros. No curto prazo, as mudanças na taxa de inflação e
o efeito da substituição da moeda são fatores relevantes para explicar M4. A presença de
substituição de moeda implica que as autoridades devem levar em consideração os diferenciais
nas taxas de juros entre o México e os Estados Unidos.

Classificação JEL: E41.