v. 15 n. 1 (1995): Jan-Mar / 1995


v. 15 n. 1 (1995)

Jan-Mar / 1995
Publicado em janeiro 1, 1995

Artigo


A teoria do desenvolvimento econômico e a crise de identidade do Banco Mundial
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572000-0859

Este artigo discute a identidade do Banco Mundial enquanto pesquisa a economia do desenvolvimento. Três crises são identificadas: (1) o Banco foi criado para financiar projetos de infraestrutura do Estado de acordo com a relevância da economia do desenvolvimento atribuída às externalidades, mas desde que a onda neoliberal dominou Washington, sua missão perdeu a clareza; (2) o Banco, que deveria financiar o desenvolvimento, parou de ter um fluxo de caixa positivo com muitos países em desenvolvimento; e (3) presume-se que o Banco apoie o crescimento dos países em desenvolvimento, mas na crise da dívida está claramente alinhado com seus principais acionistas. No entanto, o Banco mantém um papel importante no mundo, à medida que se transforma cada vez mais em uma instituição de serviço que conta com economistas altamente competentes, pois apoia as reformas orientadas para o mercado muito necessárias e promove investimentos em capital humano.

Classificação JEL: O10; F34


Política de estabilização e abertura externa: uma análise comparativa das experiências do Chile, da Argentina e do México
Cláudio Gontijo
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572000-0808

Este artigo examina as experiências de estabilização do Chile 1976-81, Argentina 1987-92 e México 1982-92. Nesses três casos, a alta inflação foi reduzida depois que as políticas ortodoxas de estabilização com reformas estruturais liberais foram seguidas, usando uma taxa de câmbio fixa como uma "âncora" para o nível de preços. Isso sugere a existência de uma troca entre equilíbrios interno e externo. As políticas ortodoxas de estabilização podem ser muito bem-sucedidas no equilíbrio da balança de pagamentos sem produzir estabilidade no nível dos preços. Por outro lado, conter a alta inflação pode exigir a fixação da taxa de câmbio, que, combinada com a liberalização do comércio, pode produzir enormes déficits comerciais.

Classificação JEL:


Prêmio Nobel de economia de 1994: contribuições de Nash, Harsanyi e Selten à teoria de jogos
Uwe Haneke, Vitória Saddi
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572000-0864

O artigo tenta destacar a influência dos três ganhadores do Prêmio Nobel de
1994 – J. Nash, R. Selten e J. Harsanyi na teoria dos jogos e na teoria econômica. Nos
exemplos básicos de livros didáticos, o artigo também pode servir como uma breve introdução
à própria teoria dos jogos. Alguns conceitos importantes como equilíbrio de Nash,
equilíbrio perfeito entre sub-jogos, equilíbrio de mão trêmula e transformação de Harsanyi
são introduzidos para mostrar com alguns exemplos a crescente importância da teoria dos
jogos na teoria econômica moderna.

Classificação JEL: C70; B31.


Macroeconomia com M4
Carlos Ivan Simonsen Leal, Sérgio Ribeiro da Costa Werlang
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572000-0741

Este artigo é um remake de modelos macroeconômicos comuns, como o IS-LM.
Utilizamos como exógeno (sob o controle do governo) o amplo agregado monetário M4.
Começamos por uma análise cuidadosa da identidade dos Walras, estendendo Simonsen
(1983). Como resultado, é possível ver que, com M4, é necessário abandonar a curva IS
(isto é, equilíbrio no mercado de bens e serviços) ou a curva LM (equilíbrio no mercado
monetário). Em seguida, analisamos a demanda por M4 no Brasil. Finalmente, estudamos
um modelo macroeconômico LM4 – LM. A utilidade do modelo é clara: é possível verificar
diretamente o impacto das variações no M4 nas variáveis macro.

Classificação JEL: E47; E41; E12.


O investimento na economia camponesa: considerações teóricas
Francisco de Assis Costa
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571994-0766

Este artigo apresenta um modelo baseado em Marx e Chayanov que explica
o investimento da unidade de produção camponesa. O artigo apresenta a base da visão
pessimista de Marx e a abordagem de Chayanov à propensão especial dos camponeses ao
investimento. Com base nessa discussão, é formulado um modelo analítico que considera
o potencial chayanoviano derivado de uma perspectiva microeconômica do camponês e os
limites do investimento camponês em um sistema capitalista derivado de uma perspectiva
macroeconômica marxiana sobre as características específicas de produção de pequeno
porte. Por fim, o artigo aponta para generalizações centradas nas contradições entre restrições
reais determinadas por macro variáveis e o potencial subjetivo da unidade familiar
de produção e consumo, foco essencial da interpretação das diversas formas da relação
camponês / capitalismo.

Classificação JEL: Q12; Q10; B51.


Uma visão argentina sobre a situação competitiva da indústria brasileira
Marta Bekerman
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571994-0792

O trabalho analisa a situação atual do setor industrial brasileiro e as estratégias
adotadas para aumentar a concorrência externa. Também analisa dois setores industriais específicos:
alimentos e petroquímicos e sua posição em relação ao processo de integração com a
Argentina. O grande aumento da balança comercial externa brasileira durante os anos 80 foi
resultado de alguns fatores que parecem difíceis de sustentar a longo prazo. Por outro lado, a
implementação da política industrial estabelecida a partir de 1990 tem sido muito lenta. No
entanto, existe uma disposição clara, tanto no setor público quanto no privado, de levar a cabo
um processo para melhorar a competitividade e permitir a sobrevivência de um setor industrial
cujo nível de produção ainda seja maior do que o dos tigres asiáticos. Mas o sucesso de uma
estratégia industrial dependerá da resolução dos atuais problemas políticos e macroeconômicos.

Classificação JEL: L60; L52.


O papel da política industrial: a experiência do Japão
Mitsuhiro Kagami
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571994-0670

Existem duas visões sobre “política industrial”, negativas e positivas. Pontos de
vista negativos dizem que o mecanismo de mercado é a melhor maneira de alocar recursos
com eficiência. Assim, a política governamental com tratamento preferencial para um setor
específico dificulta essa força de mercado e leva a uma alocação incorreta de recursos. Por
outro lado, pontos de vista positivos dizem que a intervenção do Estado é necessária, pois
as forças do mercado às vezes falham em alocar recursos de maneira eficiente. Em termos
gerais, trata-se de uma questão de relacionamento entre o estado e o mercado, ou em que
medida podemos confiar na “mão invisível” de Adam Smith.

Classificação JEL: L60; L52; N15.

Pequeno Artigo


Segurança alimentar e desenvolvimento econômico na América Latina: o caso do Brasil
Renato Sérgio Maluf
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571994-0826

O objetivo deste artigo é analisar os determinantes da segurança alimentar e
suas ligações com o desenvolvimento econômico da América Latina, com ênfase no caso
do Brasil. Utilizando a abordagem da “Economia do Desenvolvimento”, concentra-se nas
principais condições para o crescimento econômico com equidade social, tendo a segurança
alimentar como uma delas e seus requisitos em termos de políticas globais e setoriais.

Classificação JEL: L66; Q11; I38.


Demanda e oferta nos planos econômicos
Claudio Seiji Sato
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571994-0861

Esta nota estuda as condições de oferta e o comportamento da demanda nos
primeiros meses dos planos Cruzado, Collor e Real. A principal conclusão é que, independentemente
dos interesses reais, o consumo apresenta um padrão qualitativo semelhante.
Portanto, como parece inevitável um aumento no consumo nos primeiros meses, os
formuladores de políticas econômicas deveriam criar condições de suprimento antes da
implementação dos planos. Sob esse ponto de vista, o Plano Real foi o que apresentou as
melhores condições de suprimento em relação aos planos Cruzado e Collor.

Classificação JEL: E21; E31.


A relação capital/produto na economia política clássica
Samuel Kilsztajn
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571994-0638

A relação capital / produto na economia política clássica aparece como uma
relação contraditória entre capital e trabalho. Em conformidade com a teoria do valor, à
medida que a produtividade aumenta, as mercadorias são depreciadas em valor de trabalho,
enquanto o capital é definido como valor em auto-expansão. Este artigo argumenta que o
aumento da relação capital / produto (ou composição orgânica do capital) está teoricamente
ligado à diminuição do nível de preços.

Classificação JEL: B12; B14.