Este artigo desenvolve argumentos a favor da recomposição do prazo de vencimento
da dívida pública nacional e apresenta cálculos sobre o valor do imposto exigido pelos
diferentes termos de pagamento dessa dívida, assumindo que ela seja remarcada. Duas
alternativas são apresentadas e avaliadas. A primeira alternativa oferece uma garantia para
o principal em dívida e calcula o fluxo de juros em relação ao PIB durante o período de
reembolso. A segunda alternativa baseia-se em efetuar pequenos e graduais adiantamentos
para pagar a dívida antiga dentro de uma nova estrutura institucional. A taxa de juros nos
dois casos flutuaria e seria reajustada a cada semestre. Ambas as alternativas produzem
um alívio substancial da carga de juros em comparação com a política atual. A principal
conclusão é que, com uma taxa de juros de longo prazo em dólar semelhante à observada
nos mercados internacionais (cerca de 8% ao ano), mais 2% do risco-país e uma taxa de
crescimento do PIB de 3% ao ano, a dívida pública doméstica poderia ser pago em 20 anos
se uma provisão anual de apenas 0,7% do PIB for alocada ao seu pagamento. Os cálculos
também mostram que o excedente do orçamento primário necessário diminuiria para uma
faixa de 2,1% a 2,7% do PIB, facilitando o equilíbrio do orçamento.
Classificação JEL: H63; E31.
O artigo discute as questões envolvidas em três diferentes variedades de planos
de estabilização: gradualismo, dolarização e pactos sociais. Argumenta-se que a eficiência de
cada alternativa depende de condições especiais pertinentes, em geral à dinâmica da fixação
de preços na economia brasileira. Diz-se que alternativas de choque, em particular, congelamentos
de preços ou esquemas de prefixação, têm sua utilidade associada ao comportamento
de fixação de preços “voltado para trás”. Estratégias graduais, por outro lado, especialmente
quando ortodoxamente inequivocamente, são consideradas mais eficientes quando
o comportamento “prospectivo” é adotado pelos formadores de preços. O artigo também
discute as condições para a aplicação de uma dolarização do tipo argentina no Brasil e também
as peculiaridades institucionais que afetam a viabilidade de “pactos sociais” no Brasil.
Classificação JEL: E31; F31.
O objetivo deste ensaio é examinar o processo inflacionário brasileiro de 1986-
1991. Este ensaio seguirá a mais ampla linha analítica, considerando o processo inflacionário
resultante da dinâmica evolutiva dos elementos que afetam a oferta e a demanda
agregadas. Em relação às mudanças na demanda agregada, enfatizamos as relações entre as
políticas fiscal e monetária. Ressaltamos que o impacto do déficit do setor público foi visto
muito mais como um problema de financiamento do que como resultado de seus níveis. Em
relação aos custos, enfatizamos o papel do preço relativo dos setores competitivos, mais
importantes na determinação dos salários reais e do setor oligopolista. Nosso estudo parece
sugerir que as causas do processo inflacionário brasileiro são muitas e complexas e sua
solução não depende apenas da redução do déficit do setor público.
Classificação JEL: E31.
Keynes assumiu a inelasticidade da oferta (ou inelasticidade da produção) com
relação à demanda como um atributo necessário do dinheiro. Mas a teoria pós-keynesiana
da moeda sugere que a função de oferta de moeda deve ser vista como horizontal, a um
nível de taxas de juros estabelecido pelo banco central na definição do preço de oferta das
reservas. As taxas de juros, e não a oferta de moeda, são a verdadeira variável de controle
exógena do banco central. A oferta monetária é endógena, orientada para o crédito e determinada
pela demanda. Este artigo examina porque a teoria posterior supera a teoria do
dinheiro de Keynes.
Classificação JEL: E52; E12.
O artigo analisa a distribuição de renda brasileira, com o objetivo de identificar
em que medida políticas econômicas, desempenho macroeconômico e mudanças na estrutura
da força de trabalho estão relacionadas à desigualdade. Há evidências de aumentos de
longo prazo na desigualdade, especialmente entre 1960 e 1970. As tendências de longo prazo
não parecem ser afetadas pelo desempenho econômico, embora a estagnação da década
de 1980 tenha levado a perdas absolutas de renda para todos os indivíduos, exceto aqueles
no percentil superior. O comportamento de curto prazo, por outro lado, parece ter sido
influenciado pelo desempenho econômico: há evidências de que o crescimento melhora a
equidade, enquanto a alta inflação tem o efeito oposto. Uma análise de decomposição destaca
a importância da educação na explicação da desigualdade, mas aponta para mudanças
na estrutura da força de trabalho como o principal fator na contabilização de mudanças na
desigualdade desde meados da década de 1970.
Classificação JEL: O15.
Ignácio Rangel pode ser o analista mais original do desenvolvimento econômico
brasileiro. Sua contribuição foi feita especialmente nas décadas de 1950 e 1960. Influenciado
por Keynes e Marx, ele adota um método histórico e dialético. Ele foi o primeiro
economista brasileiro a introduzir os longos ciclos de Kondratieff na análise da economia
brasileira. Em sua análise do Brasil, ele sempre enfatizou seu caráter duplo e dinâmico,
onde os longos ciclos e o processo de mudança das principais classes sociais presidem o
processo de acumulação em novos setores da economia, transferindo recursos do setor com
capacidade ociosa. Sua principal contribuição, no entanto, foi na teoria da inflação. Ele
criticou as visões monetarista e estruturalista da inflação e mostrou o caráter endógeno da
oferta de moeda de maneira pioneira. Já em 1978, ele percebeu a crise financeira do estado
e, apesar de sua posição de esquerda, propôs a privatização dos serviços públicos.
Classificação JEL: B22; B24; B31.
Este artigo analisa as contribuições da Escola de Regulação. A partir das obras
seminais de Michel Aglietta, o artigo discute as inovações dessa abordagem e as respostas
que esta escola dá para os seguintes tópicos: a passagem do crescimento à estagnação; a
diferença de prosperidade em diferentes países no mesmo momento histórico; as características
em constante mudança da crise. Os próprios conceitos de regulação e crise são
analisados e algumas críticas também são feitas.
Classificação JEL: B24.
Este artigo pretende comparar políticas salariais com base na indexação convencional
de esquemas de inflação passados versus prefixação. A estrutura das respostas dos
agentes econômicos à política salarial será significativamente diferente entre essas duas abordagens,
e será crucial determinar as possibilidades de sucesso dessa estratégia como anti-
-inflacionária. Caso contrário, o foco principal desse trabalho será o esquema de prefixação
de salários e sua relação com as expectativas dos agentes econômicos. A questão crucial a ser
analisada será a credibilidade do governo em relação aos trabalhadores e seus sindicatos em
geral. Em alguns contextos, a falta de credibilidade do governo levará a política salarial a ser
quase irrelevante na fixação salarial efetiva da economia. A principal conclusão será que a
prefixação será uma alternativa arriscada, mas pode ser a maneira mais atraente de combater
a inflação em países com situações inflacionárias crônicas como o Brasil.
Classificação JEL: E31; J31; J33.
Para estabilizar os preços internos, o governo está propondo uma reforma fiscal.
Mas esta reforma não deve violar a equivalência ricardiana de modo que o peso da dívida
não recaia inteiramente sobre quem não possui dívida, mas paga pelo aumento dos impostos.
Classificação JEL: H50; E31.
A primeira parte trata dos processos de concentração e integração que ocorreram
na indústria de mineração de estanho durante a década de 1920. Argumenta-se que a
articulação dos setores extrativo e metalúrgico, embora permitindo uma melhor aderência
ao suprimento mundial de estanho, tornou a indústria como um todo menos capaz de se
ajustar às condições do mercado. A segunda parte mostra os efeitos adversos das políticas
implementadas pelo Comitê Internacional de Estanho. Por fim, também é considerado o
caminho que levou à nacionalização da indústria nos países produtores e as formas pelas
quais as rédeas do mercado passaram para o lado do consumo.
Classificação JEL: L72; N60; L12.