v. 11 n. 2 (1991): Apr-Jun / 1991


v. 11 n. 2 (1991)

Apr-Jun / 1991
Publicado em abril 1, 1991

Artigo


Grau de monopólio e determinação de preços em Kalecki: uma apreciação crítica
Cláudio Gontijo
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571991-0727

Este artigo examina as raízes históricas e a consistência lógica da teoria de
Kalecki sobre o grau de monopólio e determinação de preços em uma estrutura de insumoproduto.
Mostra que a teoria Kaleckiana de preços é aberta na medida em que não fornece
nenhuma explicação sistemática sobre a determinação das margens de lucro dos indivíduos.
Além disso, mostra que a margem de lucro para a economia como um todo não depende das
condições de concorrência. Uma maneira consistente de fechar o sistema seria determinar a
margem média através da taxa marxiana de lucros e dos preços do oligopólio como desvios
dos preços de produção.

Classificação JEL: E11; B24; D42.


Uma interpretação da equação de preços em Kalecki
Afonso Henriques Borges Ferreira
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571991-0729

O objetivo desta nota é discutir a versão linear da equação de preços de Kalecki.
Primeiro, a pertinência das restrições impostas por Kalecki ao valor dos parâmetros da
equação é examinada. Então, o significado econômico desses parâmetros é explicitado.
Finalmente, à luz da discussão anterior, é sugerida uma reinterpretação da equação de preço
de Kaleck.

Classificação JEL: D40; D47


A economia monetária, a poupança e o financiamento: do tratado à teoria geral
Ernani Teixeira Torres Filho
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571991-0839

A ideia de economia monetária desempenhou um papel importante no movimento
de Keynes do Tratado sobre o Dinheiro (1930) para a Teoria Geral (1926). Ele estava
tentando trabalhar um novo paradigma econômico que, em oposição à lei clássica de Say,
pudesse lidar com as flutuações e incertezas do mundo real. O objetivo deste artigo é apresentar
as teorias de poupança e finanças de Keynes no Tratado e mostrar a importância da
versão de 1936-1937 para o funcionamento de uma economia do mundo real.

Classificação JEL: B22; B31


A relação entre moeda e valor em Marx
Maria de Lourdes Rollemberg Mollo
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571991-0835

Este artigo é uma interpretação da teoria do valor de Marx. Chama-se atenção
ao vínculo que Marx estabeleceu entre valor e dinheiro, nas economias capitalistas, tanto
no sentido da gênese do dinheiro a partir de mercadorias e valor, quanto no sentido da
imposição da lei do valor através da restrição monetária. Na primeira parte, o valor é
definido como representação social do trabalho nas economias capitalistas. A segunda
parte analisa a imposição da lei do valor às mercadorias através do dinheiro. Finalmente, a
terceira parte analisa como a lei do valor se impõe sobre o dinheiro.

Classificação JEL: B14; B31; D46


Um modelo keynesiano de determinação do nível de emprego e salários
Reynaldo Fernandes
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571991-0828

Este artigo discute a determinação de salários e emprego sob uma perspectiva
keynesiana, enfatizando principalmente os aspectos microeconômicos da demanda efetiva.
A abordagem adotada segue a “tradição Weintraub”. Argumenta-se que o nível de emprego
depende apenas da demanda efetiva, assumindo que os preços relativos sejam rígidos. No
entanto, o salário real é função também do nível de emprego e da relação entre salário
nominal e custo do usuário.

Classificação JEL: E12; E24.


O processo orçamentário no Brasil
Carlos Alberto Longo
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571991-0692

O Brasil, assim como a maioria dos países latino-americanos, possui um setor
público inflado, que decorre das amplas políticas governamentais adotadas até o final dos
anos 70, financiadas em grande parte pelo endividamento externo. Atualmente, a falta de
transparência e a complexidade das contas do setor público prejudicam a eficácia das políticas
de estabilização e a produtividade das empresas estatais. O orçamento do governo
federal geralmente é equilibrado, mas não cobre as despesas de todo o setor público. Uma
grande quantidade de subsídios a empresas estatais e tesourarias locais é fornecida indiretamente
com fundos federais por meio de bancos estaduais e autoridades monetárias. Um
programa de resgate em larga escala para aliviar empresas altamente endividadas permitirá
que o Banco Central e outros intermediários financeiros parem de agir como financiadores
de última instância. Para recuperar completamente a eficácia das políticas governamentais,
é necessário descentralizar as despesas nacionais, conceder autonomia aos governos locais
e empresas estatais e minimizar sua dependência financeira mútua.

Classificação JEL: H11.


Integração econômica e harmonização de políticas na américa do norte e no cone sul
José Tavares de Araújo Jr.
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571991-0686

Este artigo compara o processo de negociação de dois acordos comerciais: Canadá
/ EUA e Argentina / Brasil. O principal tópico discutido é a harmonização das políticas
econômicas. Para criar uma área de livre comércio ou um mercado comum, os governos
precisam enfrentar uma escolha difícil, entre os benefícios econômicos de uma integração
e os custos políticos de uma soberania restrita. Duas configurações diferentes desse dilema
são analisadas no artigo.

Classificação JEL: F15; F63


Financiamento do desenvolvimento agrícola
Roberto de A. S. Vellutini
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571991-0703

Mesmo com a diminuição natural da participação relativa do setor agrícola à
medida que as economias se desenvolvem, ele continua a ser um setor central, principalmente
para as economias que ainda não alcançaram grandes níveis de desenvolvimento. Este
artigo tem como objetivo explicar como esse importante setor tem sido (ou não) financiado
nas últimas décadas e como isso impacta o desenvolvimento agrícola.

Classificação JEL: Q14; Q18.


Um esboço histórico do experimento de Chicago
Aníbal Pinto
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571991-0708

Os precedentes históricos do experimento neoliberal no Chile foram pouco estudados.
No entanto, pode-se argumentar que a viabilidade dessa experiência dependia
das bases construídas durante períodos anteriores do desenvolvimento chileno, a partir da
década de 1940. O crescimento das exportações e a diversificação do período neoliberal foram
baseadas em três principais setores econômicos: frutas e vegetais frescos, silvicultura e
pesca. O desenvolvimento desses setores foi baseado nos programas de desenvolvimento do
CORFO, que combinaram esforços públicos e privados com, em alguns casos, assistência
estrangeira. Além disso, o processo de nacionalização do cobre em 1971 foi fundamental
para o fortalecimento das capacidades econômicas do estado. Esses fatos apontam uma diferença
muito significativa entre o neoliberalismo chileno e outros experimentos ortodoxos
na América Latina.

Classificação JEL: B22.

Comentários


O programa de biocombustíveis Proálcool no contexto da estratégia energética brasileira
Manfred Nitsch
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571991-0712

O programa de biocombustível foi iniciado em 1975 e aprimorado bastante em
1979/81 como uma reação aos aumentos de preços do petróleo e às quedas simultâneas
de açúcar. Ele nunca se tornou economicamente viável, mas sempre deve sua existência ao
apoio estatal que, por sua vez, foi justificado pelos poderosos interesses do açúcar. Como
apenas os motores Otto (e não o diesel) podem ser movidos a álcool, o tráfego de automóveis
de passageiros com seu conhecido desperdício de energia acaba sendo altamente subsidiado
no Brasil, apesar da grave escassez geral de energia no país. As perspectivas futuras
para o biocombustível são geralmente sombrias, pois mesmo com o aumento acentuado
dos preços do petróleo, a energia na forma de alimentos deve ser mais cara que a energia
para aquecimento e transporte, de modo que carvão e madeira minerais são candidatos
muito mais prováveis como fontes de combustível do que a cana-de-açúcar e óleos comestíveis,
quando a era do petróleo chegar ao fim.

Classificação JEL: Q29; L72.


Os bancos credores e a dívida brasileira
Gilton Carneiro dos Santos
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571991-0711

Este documento trata do processo de ajuste do banco internacional à dívida
externa dos países menos desenvolvidos. Começa com uma visão geral da situação financeira
dos bancos americanos durante os anos 80. Conclui que, após o default do Brasil em
1987, os bancos estão dispostos a fortalecer sua estrutura de capital, mas ainda têm riscos
a enfrentar.

Classificação JEL: G21; H63