v. 7 n. 1 (1987): Jan-Mar / 1987


v. 7 n. 1 (1987)

Jan-Mar / 1987
Publicado em janeiro 1, 1987

Artigo


Desigualdade e acumulação de capital no capitalismo periférico
Raúl Prebisch
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571987-1005

O artigo argumenta que nos países em desenvolvimento as mudanças nas relações
políticas e sociais assim como o progresso técnico criam uma tendência sistemática
para um desequilíbrio dinâmico entre consumo e investimento. Nessas condições, a continuidade
do crescimento requer uma política macroeconômica voltada para o aumento da
taxa de acumulação por meio da redução do consumo agregado tanto das classes capitalistas
quanto das classes trabalhadoras. Politicamente, esse tipo de política regulatória deve
ser visto como uma oportunidade para a classe trabalhadora aumentar sua participação na
propriedade da riqueza.

Classificação JEL: E21; E25; O43.


Formação de capital e transferência de recursos ao exterior
Paulo Nogueira Batista Jr.
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571987-1010

Este artigo analisa a implicação da crescente transferência de recursos para o setor
externo na capacidade de investimento da economia brasileira. Após 1983 a economia
brasileira está transferindo um volume crescente de recursos que atingiu mais de 5% do PIB
nos últimos dois anos, contrastando com a década de 70 quando a absorção da poupança
externa atingiu cerca de 2% do PIB. Como consequência desta restrição externa, a taxa
de investimento caiu de 26% do PIB na década de 70 para um nível estimado de 16% nos
últimos anos. O trabalho, utilizando um modelo macroeconômico padrão, estabelece a relação
entre taxas alternativas de transferência de recursos, taxa de poupança interna, razão
capital-produto com a meta de taxa de crescimento da economia brasileira.

Classificação JEL: F32; F37; F38.


A retomada da inflação no Brasil: 1974-1986
Werner Baer
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571987-1029

De 1974-1985 a taxa de inflação brasileira apresentou uma tendência de crescimento
em oposição à tendência de queda observada no período 1964-1973. As causas deste
ressurgimento da inflação, o seu impacto e as políticas utilizadas para o seu controlo são
analisadas neste trabalho, utilizando duas abordagens que resultam de duas correntes de
pensamento diferentes: a “tradição ortodoxa clássica” que vê a inflação como sendo causada
por aumentos na oferta monetária; e a “escola neoestruturalista para a qual a inflação
é considerada basicamente o resultado do poder monopolista das corporações, sindicatos
e Estado, culminando nos conceitos de inflação inercial. O fracasso da escola ortodoxa
tanto em seu diagnóstico quanto em seu controle inflacionário políticas levaram o autor a
concluir, por meio de uma análise da estrutura institucional do Brasil e da conduta de seus
componentes, que a explicação neo-estruturalista se aproxima da raiz do problema, defendendo
a necessidade de se adotar políticas “heterodoxas”. apresenta também uma avaliação
preliminar do “Plano Cruzado” – programa de estabilização econômica – inspirado nas
ideias neoestruturalistas, que foi implantado no Brasil em 28 de fevereiro de 1986.

Classificação JEL: E31.


Mutações industriais e condicionantes sociais no Brasil: Dois exemplos da diversidade da tentativa de adaptação à crise
Gerald Assouline
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571987-1073

A partir da análise das tendências de acumulação nas indústrias automobilística
e têxtil, este trabalho pretende determinar o processo multiforme de adaptação e reação à
crise em uma economia semi-industrializada, como a brasileira, fortemente atingida pela
recessão. Nesse sentido, analisam-se as relações entre o processo de acumulação de capital,
as mudanças tecnológicas e as novas formas de mobilização da força de trabalho.

Classificação JEL: L62; L67; E32.


Contra a parcimônia – Três maneiras fáceis de complicar algumas categorias do discurso econômico
Alberto O. Hirschman
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571987-1090

O objetivo do ensaio de Hirschman é confrontar a tendência da teoria econômica
de economizar argumentos, postulados e suposições. Segundo ele, vários domínios
da investigação econômica exigem complicação e ele tenta responder a essa necessidade
de três maneiras diferentes, todas elas desafiando a suposição de um indivíduo racional e
egoísta que escolhe livremente entre cursos alternativos de ação após calcular seus custos e
benefícios. Primeiro, ele propõe uma distinção dentro do conceito de preferências entre as
de primeira e segunda ordem e argumenta que essa distinção é importante para a análise
de seu padrão de mudança. Apenas assumindo que os seres humanos têm a capacidade de
formular metapreferências (ou preferências de segunda ordem) seria possível iluminar a
natureza variada desse padrão e diferenciar, por exemplo, entre uma mudança puramente
impulsiva e publicitária e outra que é o resultado de um processo de aquisição de novos
valores sociais ou pessoais. Em segundo lugar, propõe uma distinção dentro do conceito de
atividades humanas e explora a ideia da existência de algumas delas que não são instrumentais,
ou seja, cujos fins não são previsíveis e não estão relacionados com esforços preliminares.
Essas atividades não-instrumentais, apesar de seu caráter frequentemente doloroso,
têm a qualidade de serem esforços e realizações. O ponto levantado por Hirschman é que
a economia está crescendo tão rapidamente em sua ambição que se torna cada vez mais
importante incorporar em seu escopo esse outro tipo de ação humana, extremamente útil,
por exemplo, no estudo de políticas públicas ou nas oscilações entre o individualismo e o
privado. ações orientadas e ações em busca da felicidade pública. Em terceiro lugar, Hirschman
tenta complicar a economia ao reintroduzir em seu domínio a ideia de que o sistema
econômico precisa, para funcionar, assim como outros fatores de produção, de uma espécie
de input moral. Em suma, complicar o discurso econômico significa aceitar e levar em conta
a ideia de que a ação humana pode ser moral, cheia de valores e às vezes não instrumental.

Classificação JEL: B41; B25.

Resenha


Economia e política no pensamento de Albert O. Hirschman: um análise de três textos
Maria Valéria Junho Pena
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571987-1104

Este artigo tem como objetivo estudar a relação entre as áreas econômica e política
em três obras de Albert Hirschman, a saber Exit, Voice and Lealty, The Passions and the
Interests e Shifting envolvimentos, e a riqueza do pensamento de Hirschman indo além do
pensamento econômico puro.

Classificação JEL: B25; B31; Y30.


A ignorância aprendida
Wandyr Hagge
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571987-1123

Este artigo trata da formação da metodologia econômica dominante e dos desafios
a ela inerentes, principalmente em termos de tempo e incerteza.

Classificação JEL: B41; B10.

Notas e Comentários


Raúl Prebisch (1901-1986)
Aníbal Pinto
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571987-1133

Obituário de Raúl Prebisch

 

Classificação JEL: B32.


Indústria brasileira: perspectivas do crescimento acelerado
Wilson Suzigan
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571987-1136

A perspectiva de crescimento de dois dígitos para o setor industrial leva ao questionamento
da sustentabilidade desse crescimento diante de muitos desafios a ele, como
baixa capacidade instalada, flutuações no crescimento recente, inflação, entre outros. Este
artigo avalia as limitações de crescimento da indústria brasileira, especialmente à luz do
Plano Cruzado.

Classificação JEL: L11; O40.


Os índices de preços e o compulsório: uma discussão dos fundamentos da decisão do IBGE
Edmar Lisboa Bacha
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571987-1146

Estre trabalho discute as recentes mudanças do BNDES na metodologia do IPCS
e INPC , à luz do Decreto-Lei 2288/86.

Classificação JEL: E31.