Vários países em desenvolvimento, principalmente no Leste Asiático e na América
Latina e na Rússia, sofreram crises cambiais na década de 1990. Examinamos a corrida até
a crise em termos de alguns indicadores macro sugeridos por vários modelos de crise. Em
seguida, examinamos as consequências da crise, em contraste com a maioria dos trabalhos
empíricos que se concentram em determinar as causas das crises. Procuramos explicar a
situação pré e pós-crise à luz de vários modelos de crise. Descobrimos que o modelo de
crise de primeira geração, apesar das anomalias, parece se adequar às crises dos países
latino-americanos, ao passo que não se ajusta à crise dos países asiáticos. O caso russo
é diferente de qualquer um dos modelos de crise. A crise eliminou os aspectos da doença
holandesa levando a um grande aumento das exportações e à melhora do saldo em conta-
-corrente. Isso resultou em uma maior taxa de crescimento do PIB. Também descobrimos
que o índice de pressão do mercado de câmbio não tem sucesso em prever as crises.
Classificação JEL: E420; F310; F320.
Mudanças nas políticas de desenvolvimento e na inserção externa do país são
analisadas. Partindo da crise dos anos 1980 e do primeiro ciclo neoliberal, seu fracasso
e a mudança de trajetória na gestão do Partido dos Trabalhadores, o trabalho prossegue
discutindo o “neodesenvolvimentismo” petista, sua política econômica e tentativa de mudar
a modalidade de adesão do país ao regime internacional. A crise iniciada em 2014 e que
culminou no golpe de 2016 e no retorno do neoliberalismo vêm na sequência. Também
fazem parte da análise o papel dos interesses de classe e a correlação de forças sociais em
transformação na definição das escolhas entre “neodesenvolvimentismo” e neoliberalismo.
Classificação JEL: N46; O54; P16.
Este artigo argumenta que vários aspectos da estrutura produtiva e das políticas
macroeconômicas dos países latino-americanos, quando combinados com a Regra de
Taylor, podem produzir volatilidade excessiva do produto e um viés para a sobrevalorização
da taxa de câmbio real. Com base em um modelo simples Demanda Agregada – Oferta
Agregada, mostramos que este é um resultado provável quando: a) a elasticidade da taxa
de juros real da demanda é baixa; b) as depreciações têm fortes efeitos contracionistas; e
c) o repasse da taxa de câmbio é relativamente grande. Essas condições implicam que as
depreciações são contracionistas e têm um forte efeito sobre a inflação.
Classificação JEL: E31; E52; E58.
Este artigo objetiva explicitar algumas das diferentes aplicações da noção de
equilíbrio nas mais diversas abordagens econômicas e estabelecer certa ordem na miríade
de interpretações existentes, através de um esforço de classificação em duas dimensões: (i)
semântica, que trata do significado da noção de equilíbrio nos diferentes contextos teóricos;
e (ii) metodológica, em que o equilíbrio é entendido como ferramenta analítica, isto é,
instrumento de abstração para apreensão de determinados aspectos do sistema econômico.
Observa-se que a diversidade de usos do equilíbrio dificulta o debate entre as diferentes
perspectivas teóricas, atrapalhando a avaliação sobre a proficuidade da aplicação dessa
noção no entendimento dos fenômenos econômicos.
Classificação JEL: B20; B40; B49.
O objetivo principal deste trabalho é trazer uma visão diferente da exposta em
trabalhos anteriores que abordaram o “processo de desenvolvimento” na obra de Furtado.
Em consonância com seus escritos metodológicos, argumentamos que Furtado extrapolou,
em sua formulação do “processo de desenvolvimento”, os limites da ciência econômica,
divergindo, desse modo, dos modelos de crescimento econômico convencionais. Além
disso, destacamos que o referido autor conseguiu combinar, de maneira criativa, diferentes
aspectos das formulações precedentes sobre o desenvolvimento econômico.
Classificação JEL: B30; O10.
O objetivo final do presente trabalho está na criação de uma metodologia vetorial
para medir a qualidade de vida. A aplicação de uma abordagem integrada aos resultados da
análise de classificação e da análise SWOT possibilitou a elaboração de uma metodologia
vetorial de tipo recomendatório com o objetivo de aprimorar as abordagens de mensuração
da QV. Ficou estabelecido que essa metodologia deveria incluir quatro grandes atualizações
levando em consideração os desafios do amanhã. Os resultados do estudo podem ser do
interesse das autoridades públicas responsáveis pela tomada de medidas destinadas a elevar
o ranking internacional do país, bem como ser usados para reduzir as contradições por
parte dos procedimentos de medição da QV.
Classificação JEL: I14; O15; Q56.
Munido do conceito bourdieusiano de campo, este artigo toma a avaliação da
Capes sobre os programas de pós-graduação como expressão das contínuas disputas em
torno da definição mesma daquilo que constitui a Economia. Baseando-se em extensa
análise documental, demonstra-se como os critérios de avaliação são marcadamente
excludentes. Por um lado, incentivam-se as pesquisas filiadas aos pressupostos do
liberalismo neoclássico, postos à prova por modelos econométricos, em linha com a agenda
de pesquisa predominante nas escolas norte-americanas; por outro, punem-se as demais e
mais variadas abordagens teóricas, metodológicas e temáticas possíveis, desencorajando-se
os estudos de questões próprias às nossas realidades locais.
JEL Classification: N01; B00; A12.
O artigo discute o papel de Evsey Domar como elo entre o pensamento econômico
no Ocidente e na Rússia, incluindo sua influência sobre alguns economistas brasileiros. A
herança russa que ele trouxe de Harbin (Manchúria) para os Estados Unidos consistia em
um interesse pelo socialismo e pela história russa. Ele prestou muita atenção à controvérsia
de Varga em 1947 na URSS. A redescoberta do modelo de crescimento de Feldman (1928)
por Domar em 1957 chamou a atenção de economistas ocidentais e soviéticos. O desenvolvimento
econômico soviético também foi discutido em sua interpretação da abordagem de
Preobrazhensky (1926) sobre a interação entre os setores agrícola e industrial. O artigo seminal
de Domar de 1966 sobre cooperativas de produtores chamou a atenção para o livro
de Tugan-Baranovsky de 1915 sobre o assunto. O interesse de Domar pela história resultou
em sua hipótese de 1970 sobre as origens da servidão russa e da escravidão nas Américas
do Norte e do Sul. Os economistas soviéticos prestaram alguma atenção aos modelos de
crescimento de Domar, especialmente aqueles que envolvem depreciação e a estrutura temporal
dos bens de capital.
Classificação JEL: B22; B24; N00.
A digitalização transforma os conceitos tradicionais de crescimento econômico
e competitividade. Este artigo estuda o efeito da digitalização no crescimento econômico
da Rússia. Como indicadores que medem o impacto dos processos de digitalização sobre
o crescimento econômico, o estudo usou o Produto Interno Bruto per capita, o Índice de
Competitividade Global, o Índice de Vida Digital, o Índice de Adoção Digital e o Índice de
Resiliência. Seu exame aprofundado com base em um modelo de três frentes mostrou que
o estado do macroambiente e a prontidão da população para a transformação digital não
permitem que as tecnologias digitais afetem seriamente a taxa de crescimento econômico.
Classificação JEL: F43; O34; O4.
A China lidera a mudança global da matriz energética e o faz principalmente na
América Latina. Essa mudança questiona a posição e a liderança dos Estados Unidos em
geral e, particularmente, na América Latina. As evidências mostram que os Estados Unidos
estão atrasados na mudança energética em termos técnicos e institucionais e estão fortemente
ancorados na energia suja. As evidências também mostram que os EUA não estão
permitindo o avanço da China na região facilmente. A geração de energia a partir de fontes
de energia limpa está em ascensão, com a China liderando em equipamentos solares e barragens
hidrelétricas, enquanto compra redes de distribuição elétrica de empresas norte-
-americanas. As consequências para a economia global serão sentidas em muitas frentes,
desde a mudança no sinal da balança comercial e diminuição da inflação até realinhamentos
de moeda e remodelação do poder com o colapso dos preços do petróleo.
Classificação JEL: F6; O1; F18; F5; O36; O38.
O debate sobre o desemprego tecnológico se acentua quando as inovações
disruptivas ganham destaque, como é o caso recente da inteligência artificial. No entanto,
tais análises frequentemente ignoram o crescimento econômico e a demanda agregada no
tratamento do desemprego. Este artigo analisa o que vem acontecendo com os empregos no
Brasil a partir da decomposição estrutural da Matriz Insumo-Produto. O que constatamos
é que, com exceção da agricultura, os setores foram geradores de empregos de 2000 a 2015.
Além disso, os ganhos de demanda foram capazes de compensar as perdas de empregos
decorrentes do progresso tecnológico.
Classificação JEL: J21; J23; C67; O33.
A análise de Celso Furtado do subdesenvolvimento brasileiro é amplamente reconhecida
por seu enfoque histórico-estrutural, enquanto seu viés analítico macroeconômico
frequentemente recebe atenção diminuta. Desse modo, além de conferir ênfase a essa perspectiva
de sua análise, este trabalho almeja à realização de um ensaio empírico que teste as
relações entre as principais variáveis do esquema delineado pelo autor. Para tanto, utiliza-se
um SVAR (Vetor Autorregressivo Estrutural) com dados da economia brasileira, de 1965 a
2015. Os resultados denotam que as inter-relações testadas se mostram consonantes com
sua interpretação macroeconômica do processo de crescimento da economia brasileira no
bojo do subdesenvolvimento.
Classificação JEL: O11.
A partir da década de 1980, o Brasil ficou quase estagnado, enquanto o Leste
da Ásia continuou a crescer. O que deu errado? Os desenvolvimentistas clássicos e os pós-
-keynesianos argumentam que a causa foi o abandono do projeto nacional-desenvolvimentista.
O novo desenvolvimentismo concorda e propõe que dois fatos históricos reduziram
os investimentos: nos anos 1980, a crise fiscal do estado definida por poupança pública
negativa e a queda do investimento público. O investimento privado também caiu – por
uma ação e uma omissão. A ação foi a adoção equivocada da política de crescimento com
endividamento externo (“poupança externa”) e o resultante aumento dos influxos de capital.
A omissão foi a suspensão da neutralização da doença holandesa. Ambos resultaram
em sobrevalorização da taxa de câmbio no longo prazo e interromperam a industrialização.
Classificação JEL: O1; E2; F31; F34; F41.
A ascensão da Economia Comportamental levanta uma questão importante: ela
substitui ou complementa a Economia Neoclássica? Este artigo faz uma análise para identificar
como a questão da substituição-complementaridade é altamente sensível ao contexto
epistêmico. Em particular, o artigo distingue quatro contextos epistemológicos: descritivo,
explicativo, preditivo e prescritivo. Defende a ideia de que a abordagem comportamental
substitua a neoclássica em contextos descritivos e explicativos; no entanto, há uma complementaridade
nos contextos preditivo e prescritivo, onde existem alguns domínios em que a
abordagem neoclássica ainda pode funcionar bem.
Classificação JEL: A12; B40; B41; D01; D91.