v. 38 n. 2 (2018): Abr-Jun / 2018


v. 38 n. 2 (2018)

Abr-Jun / 2018
Publicado em fevereiro 26, 2020

Artigo


A vingança dos estruturalistas: complexidade econômica como uma dimensão importante para avaliar crescimento e desenvolvimento
Paulo Gala, Igor Rocha, Guilherme Magacho
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572018v38n02a01

Este trabalho traz elementos da literatura de complexidade econômica para as discussões da tradição estruturalista em economia sobre o papel central da manufatura e da sofisticação produtiva no crescimento econômico. Usando dados fornecidos pelo Atlas da Complexidade Econômica o presente estudo procurou verificar se a complexidade dos países é importante para explicar convergência e divergência entre países pobres e ricos. A análise econométrica revelou que complexidade das exportações é significativa na explicação de convergência e divergência entre os países. Essencialmente, quanto maior a complexidade da pauta de exportação de países em desenvolvimento, maior é a probabilidade de convergência de renda. 

Classificação JEL: B2; B5; B23; O1; O14.

 


Determinantes das taxas de lucro e de acumulação no Brasil: os fatores estruturais da deterioração conjuntural de 2014-2015
Miguel Antonio Pinho Bruno, Antonio Ricardo Dantas Caffe
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572018v38n02a02

As tendências das taxas de lucro e de acumulação são indicadores fundamentais nas análises das crises econômicas. Essas variáveis respondem pelas trajetórias de crescimento econômico e são condicionadas pela distribuição funcional da renda. A deterioração da conjuntura macroeconômica a partir de 2014, no Brasil, tem sido frequentemente atribuída pela ortodoxia a erros inerentes à chamada “nova matriz de política econômica”. Entretanto, o exame das taxas de lucro e de acumulação, imediatamente após o impacto da crise americana em 2009, aponta para a reafirmação de fatores estruturais, característicos da economia brasileira atual, que não poderiam ser superados por medidas anticíclicas. 

Classificação JEL: E1; E12; E25; E32; O4; O47.


Variedades de capitalismo, crescimento e redistribuição na Ásia e na América Latina
Ilan Bizberg
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572018v38n02a03

Tanto a América Latina quanto a Ásia observaram um crescimento impressionante de suas economias desde a virada do século até 2013. Uma das diferenças é que, enquanto na América Latina a redistribuição e a segurança social aumentaram significativamente e o crescimento foi acompanhado por uma menor desigualdade, na Ásia vimos o aumento da desigualdade, uma proteção social mais ineficiente e decrescente e sem intenção de redistribuir. Este artigo procura demonstrar de que modo o desenvolvimento da Ásia, caracterizado principalmente pela China, é mais sustentável do que o modelo seguido pela América Latina. 

Classificação JEL: P5.


Câmbio real e inovação tecnológica: evidências empíricas
Keynis Cândido de Souto, Marco Flávio Cunha Resende
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572018v38n02a04

O debate recente sobre os determinantes do crescimento econômico destaca o papel da taxa de câmbio real competitiva e estável para elevar o produto. Este debate tem duas abordagens: teórica e empírica. Alguns trabalhos teóricos apontam a inovação como um mecanismo de transmissão do efeito do câmbio real sobre a renda. Destacam que o câmbio real afeta o produto porque impacta diretamente os determinantes da inovação, como o investimento. Os estudos empíricos se concentram na análise da relação câmbio-produto e o link “câmbio-inovação” permanece inexplorado. Este trabalho busca contribuir para a literatura fornecendo evidências empíricas que confirmam a relação câmbio-inovação. 

Classificação JEL: O1.


Integração, convergência espúria e fragilidade financeira: uma interpretação pós-Keynesiana da crise espanhola
Estaban Pérez Caldentey, Matias Vernengo
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572018v38n02a05

A crise espanhola é geralmente retratada como resultado de gastos excessivos por famílias associadas a uma bolha imobiliária e/ou a um gasto excessivo de assistência social além das possibilidades econômicas do país. Apresentamos uma hipótese diferente. Argumentamos que a crise espanhola resultou, no essencial, de uma posição de déficit crescente no setor corporativo não financeiro e de uma tendência decrescente de rentabilidade sob um regime de liberalização financeira e práticas de empréstimos soltas e não regulamentadas. 

Classificação JEL: F33; F45; O52.


A Economia Criativa em época de crise: o desenvolvimento endógeno brasileiro na obra de Celso Furtado
Adriano Pereira de Castro Pacheco, Elcio Gustavo Benini
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572018v38n02a06

Na quase totalidade de sua obra o notável economista e ex-ministro da cultura, Celso Furtado, exaltou a criatividade da nação brasileira como ativo estratégico para o surgimento de um novo modelo de desenvolvimento econômico, sustentável, inclusivo e endógeno. A trajetória analítica deste trabalho recorreu à revisão bibliográfica para destacar as contribuições teóricas de Celso Furtado acerca das potencialidades advindas de uma nova economia, intensiva em criatividade. Por sua vez, os recortes do pensamento furtadiano constituem um instrumento poderoso e atual para (re)pensar as estratégias de superação do subdesenvolvimento do país. 

Classificação JEL: A13; B5; Z1.


Insights sobre a teoria da deflação
Angel Asensio
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572018v38n02a07

Irving Fisher ofereceu uma teoria "provisória" de deflação de dívidas de grandes depressões ao invés de uma teoria totalmente consistente de seu "credo": "Eu digo" credo "porque, por brevidade, é expressamente expresso dogmaticamente e sem prova. (...) é bastante tentativa "(Fisher, 1933, p. 337). O artigo argumenta que autores proeminentes que se esforçaram para explicar suas ideias dentro do aparelho Walrasiano não poderiam fornecer uma teoria consistente de deflação com depressão prolongada. Isto é basicamente porque as forças de mercado desestabilizadoras não podem dominar nesse quadro conceitual. Em contraste, devido à forma como as forças competitivas operam sob incerteza fundamental, a Teoria Geral de Keynes escapa da contradição. 

Classificação JEL: B26; E3; E4.


Tendências do mercado de trabalho em um país de produtividade baixa e heterogênea da produção da Argentina
Juan M. Graña
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572018v38n02a08

Durante a Industrialização substitutiva (1930-1975), os salários subiram, e o desemprego e a pobreza foram baixos. Durante o "processo neoliberal" (1976-2002) a liberalização dos mercados de bens e financeiros resultou na regressão da estrutura produtiva, elevado desemprego e o declínio dos salários reais. Finalmente, desde o colapso 2002, a Argentina teve um enorme sucesso em termos do desemprego, com realizações limitadas em salários ou pobreza. Este trabalho tenta responder a por que a Argentina enfrenta dificuldades para voltar a números do mercado de trabalho do passado destacando o processo de diferenciação dos capitais e a nova divisão internacional dele trabalho. 

Classificação JEL: E24; O54; O11; J31; L60.


Uma revisão sobre a inovação em defesa: do spin-off ao spin-in
Ariela D. C. Leske
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572018v38n02a09

As inovações para fins de defesa estão entre aquelas consideradas de alto nível tecnológico. Os investimentos públicos em P&D são, historicamente, associados ao desenvolvimento de importantes tecnologias, as quais impactaram positivamente a economia. Contudo, após a Guerra Fria, as tensões mundiais se apresentaram em menor proporção. Os investimentos se reduziram, assim como a performance das empresas ligadas à defesa. A indústria de defesa não é mais a precursora de novas tecnologias. Nesse contexto é requerida uma atualização nas reflexões sobre a inovação em defesa. 

Classificação JEL: O3.