v. 38 n. 4 (2018): Out-Dez / 2018


v. 38 n. 4 (2018)

Out-Dez / 2018
Publicado em fevereiro 26, 2020

Artigo


Cruzando fronteiras: uma análise da inflação do pós-keynesianismo sobre a macroeconomia do desenvolvimento
Victor Cruz e Silva, Marcelo Curado
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-3157-2018-2827

A macroeconomia do desenvolvimento, a teoria econômica que baseia o novo desenvolvimentismo, é uma abordagem heterodoxa cujo estabelecimento foi profundamente influenciado por diversas escolas de pensamento. Entre estas, o pós-keynesianismo ocupa um lugar especial. Este ensaio pretende identificar os aspectos da macroeconomia do desenvolvimento nos quais a influência do pós-keynesianismo é mais notória. Para alcançar este propósito nos comparamos diagnósticos econômicos, objetivos sociais e prescrições de política defendidas pelos partidários destas duas escolas de pensamento econômico. Nossa conclusão é que apesar da significativa influência do pós-keynesianismo na formação da estratégia novo desenvolvimentista, existem diversos aspectos desta estratégia que devem ser compreendidos como uma contribuição original da escola desenvolvimentista brasileira.

Classificação JEL: B22; B59.


Os salários refletem a produtividade do trabalho? Uma comparação entre o Brasil e os Estados Unidos
Alexandre Gori Maia, Arthur Sakamoto
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-3157-2018-2764 

O trabalho compara a relação entre salários e produtividade do trabalho para diversas categorias de ocupados no Brasil e nos Estados Unidos. As análises destacam em que medida o equilíbrio entre salários e produtividade do trabalho está relacionado ao estágio de desenvolvimento econômico. Os salários nos Estados Unidos têm se mostrado mais associados à produtividade do trabalho, enquanto que o Brasil tem passado por diversos ciclos econômicos em que o rendimento cresce inicialmente muito mais rápido que a produtividade, mas cai repentinamente nos anos subsequentes. As análises também destacam como a igualdade entre os diferenciais de renda e produtividade é válida para algumas categorias, mas não para outras.

Classificação JEL: J21; J24; J31.


A crise do sistema financeiro globalizado contemporâneo: perspectivas a partir da reforma regulatória global pós-2008
Norberto Montani Martins
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-3157-2018-2758

O artigo analisa como a reforma regulatória implantada após a crise financeira internacional de 2008 afetou os processos estruturantes do sistema financeiro globalizado. Argumentamos que a reforma buscou re-regular os mercados financeiros, redefinir a estrutura e as bases do modelo de negócios dos bancos globais, influenciando a questão da intermediação, e limitar a capacidade de externalização do risco e de alavancagem das instituições e do sistema como um todo. Concluímos que as mudanças regulatórias, embora tímidas em alguns tópicos, influenciaram os processos estruturantes do sistema financeiro global e alteraram, menos pronunciadamente, seu modus operandi e suas bases de expansão.

Classificação JEL: E44; F65; G15; N20.


Ideologia versus sociologia na política estadual brasileira
Fabiano Santos, Cristiane Batista, Steven Dutt-Ross
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-3157-2018-2855

O artigo se propõe a explorar possíveis determinantes da variação do gasto em saúde e educação nos estados brasileiros, no período compreendido entre 2002 e 2013, se o grau do desenvolvimento econômico dos estados, tal como defende a hipótese clássica da sociologia política, ou se configurações do arcabouço político, como ideologia dos governos estaduais e seu alinhamento com o governo federal, tal como considerado pela literatura da ciência política. Os resultados sustentam a validade das hipóteses centrais de ambas as literaturas, o que deve estimular os analistas à busca de uma teoria unificada do comportamento governamental na área social no contexto federativo brasileiro.

Classificação JEL: H750.


Dinâmica inflacionária da indústria brasileira: uma abordagem setorial (1999-2014)
Flávia Carvalho de Moraes e Silva, Carmem Feijó, André de Melo Modenesi
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-3157-2018-2863

O objetivo deste trabalho é investigar o comportamento da dinâmica inflacionária industrial brasileira no período entre 1999 e 2014 à luz das teorias de inflação de custos e da heterogeneidade setorial. Através da teoria de formação de preços pós-Keynesiana e da teoria do conflito distributivo sobre o processo inflacionário, otrabalho aponta para a importância das diferenças na estrutura de custos setoriais para a análise sobre a inflação. Estas diferenças são importantes uma vez que podem levar a reações heterogêneas frente às diferentes pressões inflacionárias. O trabalho busca preencher esta lacuna e integrar as abordagens microeconômica e macroeconômica, de modo a contribuir para o diagnóstico da inflação industrial. Realiza-se um estudo econométrico com dados em painel para estimar os efeitos do impacto de variações nos custos, nos salários, na demanda e nos preços defasados sobre as variações dos preços finais. Encontramos que, levando-se em conta a heterogeneidade setorial, os choques de custos são a principal variável explicativa para a dinâmica inflacionária.

Classificação JEL: E12; E31; E52; E64


Os Estados, o sistema-mundo capitalista e o sistema interestatal: uma leitura crítica das contribuições de Immanuel Wallerstein
Marco Antonio Acco
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-3157-2018-2653

Os Estados nacionais constituem uma das agendas centrais do debate no mundo contemporâneo, uma agenda extensa que gerou importantes abordagens em disputa sobre o ritmo, direção e a profundidade das possíveis transformações dos Estados em curso nas últimas décadas. Este artigo tem por objetivo reconstruir e analisar criticamente os conceitos, atribuições, possibilidades e impasses vividos pelos Estados nacionais encontradas nas formulações de Immanuel Wallerstein. Com este propósito, faremos uma releitura atenta de sua obra, retendo os principais componentes de sua formulação sobre o Estado em suas interações com o sistema mundo capitalista e o sistema interestatal. Parte-se de uma síntese crítica das formulações de Wallerstein sobre sistemas históricos como a unidade de análise correta, as formas históricas desses sistemas,o duplo conceito de capitalismo, de sistema capitalista mundial, de Estado e de sistema interestatal enquanto categorias cruciais de sua abordagem. Tendo por base esses fundamentos,explora-se, então, a análise de Wallerstein sobre o papel dos Estados nacionais nos dias atuais, a crise do sistema mundo que vivemos, assim como, as possibilidades e impasses da atuação dos Estados neste contexto. As considerações finais abordam limites e oportunidades legadas por sua desafiadora formulação.

Classificação JEL: P10; BOO; N40; F00.


A competitividade internacional: notas para uma abordagem não ortodoxa
Enéas Gonçalves de Carvalho, Sebastião Neto Ribeiro Guedes
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-3157-2018-2765

O objetivo deste pequeno artigo é contribuir para a abordagem não ortodoxa da Competitividade Internacional (C. I.). A perspectiva teórica adotada é a neo-schumpeteriana combinada com o enfoque das chamadas ‘capacidades dinâmicas’. Do ponto de vista metodológico, parece apropriado qualificar este trabalho como histórico-comparativo.

Classificação JEL: D2; F19; F59; F69.


Aquecimento global: prevenindo a irreversibilidade
Jan-Erik Lane
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-3157-2018-2860

A Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas se reúne novamente em Bonn, no outono, para a COP23 com Fiji como anfitrião/ O foco deve estar no GOAL II no COP21: descarbonização com 30-40 por cento dos níveis de 2005 até 2030. Vários países agora cumprem a meta de suspender o aumento das emissões de CO2. E o resto deve ser solicitado e ajudado a fazê-lo. Mas o GOAL II é um desafio muito grande. Só pode ser realizado com investimentos maciços em parques de painéis solares.

Classificação JEL: Q4; Q5.


Capital social e pobreza no Brasil
Lilian Lopes Ribeiro, Jair Andrade de Araujo
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-3157-2018-2806

O artigo analisa o impacto do capital social na renda e na redução da pobreza no Brasil. Por meio da técnica dos componentes principais e tendo como base de dados a WorldValuesSurvey, construiu-se um índice de capital social considerando três categorias de indicadores: participação em organizações/associações; densidade do sócio e confiança nas pessoas. Concluiu-se que além do capital social contribuir positivamente com a renda, seu impacto é maior que os impactos causados, por exemplo, pelo o fato do indivíduo estar empregado, ser casado ou ser de cor branca. Além disso, quanto menor a escala de renda, maior o impacto do capital social na geração de renda e consequentemente na redução da pobreza.

Classificação JEL: I31.


Educação e projetos de desenvolvimento no Brasil, 1932-2004: uma crítica
Thomas H. Kang
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-3157-2018-2891

A 2ª Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (2ndLDB), promulgada em 1971, mudou a configuração dos níveis de ensino no Brasil. Essa mudança tornou difícil a construção de uma base de dados confiável para o século 20. Trabalhos anteriores sobre a história econômica da educação no Brasil utilizaram dados da dissertação de Maduro (2007). Wjuniski (2013) usou essa base de dados e realizou testes de quebra estrutural. Ele concluiu que o governo brasileiro investiu pouco na expansão do ensino secundário. Entretanto, Wjuniski não considerou alguns problemas como: (i) a confiabilidade dos dados e (ii) os efeitos da 2ªLDB nos dados de despesa em educação. Este artigo mostra que os dados de gasto educacional no Brasilnão nos permitem afirmar que houve uma queda nos gastos com o ensino secundário com a mudança da lei após 1971. 

Classificação JEL: N36; I22; I25.


Quem, afinal, apoiou o Plano Collor?
Alexandre F. S. Andrada
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-3157-2018-2713

No livro Economia Brasileira Contemporânea, Lavínia Barros de Castro afirma que o Plano Collor “recebeu críticas de todas as partes”, que o “bloqueio dos recursos foi considerado uma inadmissível intervenção estatal”, e que o congelamento de preços, o ajuste fiscal e o caráter recessivo do plano foram questionados. Aqui, mostramos que essas afirmações são equivocadas. Analisando artigos, colunas e entrevistas publicadas à época, tentamos demonstrar que o plano econômico teve, durante suas primeiras semanas de vigência, amplo apoio de empresários, políticos, economistas e até mesmo da população do país.

Classificação JEL: B; B2; N; N1; N16.