v. 16 n. 1 (1996): Jan-Mar / 1996


v. 16 n. 1 (1996)

Jan-Mar / 1996
Publicado em janeiro 1, 1996

Artigo


Experiência histórica de política industrial no Brasil
Wilson Suzigan
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0914

Este artigo estuda a prática da política industrial e o correspondente esforço de
construção de instituições no Brasil entre as décadas de 1930 e 1970. O argumento é que,
embora essa prática e a respectiva organização institucional tenham conseguido estruturar
a indústria brasileira em um processo de convergência para a estrutura industrial internacional
e os padrões de desenvolvimento tecnológico até a década de 1970, elas se mostraram
inoperantes em acompanhar as mudanças estruturais e as novas tecnologias da década
de 1980. O artigo conclui apontando que tanto a prática estabelecida da política industrial
quanto a organização institucional relacionada levaram a um bloqueio normativo e institucional
os quais, juntamente com a inércia política, impediram as mudanças necessárias no
início dos anos 80.

Classificação JEL: L52; O25.


Ajuste empresarial, empregos e terceirização
Edward J. Amadeo, João Carlos Scandiuzzi, Valéria Pero
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0854

Este artigo analisa o impacto da subcontratação no mercado de trabalho e a ineficiência
que pode resultar dele. A subcontratação está parcialmente associada ao aumento
no emprego de serviços e à diminuição no emprego na indústria no início dos anos 90. Assim,
a subcontratação pode diminuir a qualidade do emprego e os incentivos à acumulação
de capital humano, uma vez que os serviços tendem a valorizar menos o capital humano
do que a manufatura e têm relações de trabalho mais informais e instáveis. Esse cenário
pode se deteriorar se as empresas subcontratadas enfrentarem restrições de crédito. Devido
à existência de externalidades, o investimento em capital humano seria sub-ótimo, mesmo
que as empresas contratadas estivessem dispostas a investir nas empresas subcontratadas.

Classificação JEL: J23; J81; J01.


A sedição da escolha pública: variações sobre o tema de revoluções científicas
Antonio Maria Silveira
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0915

Dado um elemento significativo da verdade em “Escolha Pública”, um elemento
modesto deve ser encontrado quando uma abordagem semelhante é feita ao comportamento
dos cientistas econômicos. Harry Johnson encontrou isso em “A revolução keynesiana
e a contra-revolução monetarista”. Depois dele, encontro mais na própria “Revolução” da
Escolha Pública. As visões, suposições e métodos básicos desses últimos são avaliados dentro
de seu fluxo de tempo e espaço. Essa abordagem é um complemento à Sociologia do
Conhecimento (Thomas Kuhn) e pode ser tomada como uma Economia do Conhecimento
embrionária (Neoclássica). Requisitos para o sucesso de revoluções científicas é o tema.

Classificação JEL: B21; B31; B4; D72.


Um pouco além de Thomas Kuhn Da história do pensamento econômico à história da ciência econômica
Fábio Sá Earp
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0890

Este artigo sugere uma revitalização da História do Pensamento Econômico pela
adoção de novos métodos no moderno estudo das ciências. Ele mostra os novos horizontes
abertos por essa abordagem, que tem suas origens na obra clássica de Kuhn. Ele termina
dando como exemplo um estudo de caso baseado na teoria ator-rede.

Classificação JEL: B00; B31; A20.


Kalecki: um antikeynesiano?
Carlos Águedo Nagel Paiva
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0895

Este artigo tem como objetivo investigar os determinantes da difusão limitada e
da aceitação teórica do trabalho de Kalecki. Na minha opinião, as raízes da resistência a
esse autor vêm da maneira incomum de ele combinar os elementos teóricos, metodológicos
e analíticos em sua obra. Mais especificamente, é necessário notar que, apesar do substrato
teórico de seu trabalho ser keynesiano, o padrão de investigação e exposição usado por
Kalecki é estruturalista e se depara com o individualismo metodológico de Keynes. Essa
contradição – o centro do diálogo geralmente difícil de Keynes e Kalecki – também limita
o diálogo com as duas outras escolas que nosso autor considerou científicas em Economia,
Marxismo e Econometria (neoclássica).

Classificação JEL: B22; B31.


Liderança de mercados e entrada em tecnologia em sistemas agroalimentares de países semi-industrializados: o caso brasileiro
Mauro Borges Lemos
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0857

O objetivo deste artigo é entender as condições específicas de entrada em tecnologia
no sistema agroalimentar e como essas condições facilitaram a liderança de mercado
nesse sistema pelos países recém-industrializados com recursos naturais. A análise está focada
no caso brasileiro.

Classificação JEL: Q13; Q16.


Quem tem mais recursos para governar? uma comparação das receitas per capita dos estados e municípios brasileiros
David Rosenblatt, Gil Shildo
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0871

Este artigo examina as diferenças nas receitas per capita nos estados e capitais
de municípios do Brasil. Ele fornece uma visão geral teórica dos programas de equalização
fiscal do Brasil (os Fundos de “Participação” estaduais e municipais). O documento fornece
evidências de que esses programas não estão apenas falhando em atingir seus objetivos
de equalização, mas também estão criando padrões distorcidos de receita per capita entre
estados e municípios: alguns estados e municípios economicamente pobres têm receita per
capita muito acima da média nacional. Esse padrão de receita per capita deve ser levado ao
conhecimento do público e dos formuladores de políticas, para que eles possam: (i) avaliar
melhor o desempenho dos governos estaduais e locais e (ii) avaliar melhor as propostas de
revisão do sistema de federalismo fiscal do Brasil.

Classificação JEL: H71; H72; H77.


Industrialização e intervenção governamental: buscando os links
Mauricio Mesquita Moreira
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0831

A superioridade do desempenho industrial dos países do Leste Asiático, particularmente em face de seus congêneres na América Latina, teve um forte impacto sobre o debate acerca das relações entre intervenção estatal e desempenho industrial. O paradigma estruturalista foi rapidamente substituído por uma nova ortodoxia cuja receita para o sucesso é um Estado minimalista e uma economia aberta. Este artigo procura mostrar que, muito embora a abertura da economia seja um ingrediente fundamental, seu complemento não é um Estado minimalista, mas sim intervencio-nista. Não do tipo latino-americano, mas um que restrinja suas ações a importantes falhas de mercado.

Classificação JEL: F63; L52; O43.

Pequeno Artigo


Regionalismo no pacífico asiático: integração econômica orientada pelo comércio externo
Silvio Yoshiro Mizuguchi Miyazaki
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0900

Este artigo analisa o processo de integração regional na região do Pacífico Asiático,
que teve alto crescimento econômico e onde existem economias com políticas de desenvolvimento
lideradas pelas exportações. Os conceitos tradicionais de integração regional
são descritos e um novo conceito, o regionalismo aberto, é introduzido. A história e as
instituições da integração do Pacífico Asiático são apresentadas. A interdependência econômica
entre os países do Pacífico Asiático é analisada pelo modelo “flying geese pattern” de
desenvolvimento econômico.

Classificação JEL: F15; F14.


Preços relativos e concentração na indústria brasileira: análise das fases de expansão e retração da atividade econômica de 1974 e 1994
Claudio Seiji Sato
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0829

Este artigo examina o comportamento do preço relativo da indústria brasileira
nas fases de expansão e retração do nível de atividade econômica entre 1974-1994. Os
resultados sugerem que os preços relativos do setor oligopolista aceleram mais (menos) em
períodos de recessão (expansão) do que o setor competitivo. A principal conclusão é que,
dado o comportamento diferenciado no preço e a baixa concorrência da maioria da indústria
brasileira, é provável que o resultado da recessão de uma política econômica restrita
seja absorvido pelo setor competitivo “a favor” do setor oligopolista.

Classificação JEL: L13; D43.