v. 15 n. 2 (1995): Apr-Jun / 1995


v. 15 n. 2 (1995)

Apr-Jun / 1995
Publicado em abril 1, 1995

Artigo


A invenção do subdesenvolvimento
Celso Furtado
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571995-0869

O autor resgata a teoria do desenvolvimento para ilustrar as diferenças notáveis
entre os padrões e resultados da acumulação capitalista nas regiões centrais e periféricas.
Enquanto nas primeiras o resultado foi o aumento dos salários e da qualidade de vida,
conclui que nas regiões periféricas houve o recrudescimento das desigualdades sociais e dos
padrões de dominação, para, a partir dessas reflexões, estabelecer o conceito de subdesenvolvimento
e refletir meios de superá-lo.

Classificação JEL: O10.


A origem política dos problemas econômicos
Luiz Carlos Bresser-Pereira, Yoshiaki Nakano
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571995-0833

Este artigo apresenta uma ideia tão veiculada hoje em dia, que os problemas econômicos
têm uma origem política ou que os problemas econômicos não foram resolvidos
por falta de apoio político. Mostramos como a aceitação dessas ideias está relacionada ao
surgimento da Escola de Escolha Pública, ou Escola de Escolha Nacional – uma análise de
caráter neoliberal – e a chamada macroeconomia política. Discutimos como essas abordagens
levam à proposição de adoção de políticas sociais compensatórias que possam garantir
a legitimidade do governo.

Classificação JEL: B20; B41; O10; D70.


A inflação brasileira e o plano real
Jeffrey Sachs, Álvaro Zini Jr.
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571995-0835

De acordo com a maioria dos padrões, a inflação brasileira tem sido a mais intratável
da história mundial. O período de alta inflação brasileira é incomparável: a inflação
excede 50% ao ano todos os anos desde 1979 e tem taxas de dois dígitos todos os anos
desde 1957. Até a Argentina, a rival perene do Brasil pela distinção dúbia ou pela alta de
longo prazo inflação, alcançou estabilização de preços desde abril de 1991. Houve inúmeras
tentativas grandes e menores de estabilização brasileira, incluindo pelo menos cinco
“Planos” importantes desde 1986. Cada um fracassou. O Brasil está atualmente no meio
de outra grande tentativa de estabilização, o Plano Real. Este artigo avalia as dificuldades
inerentes aos programas brasileiros de estabilização e as perspectivas para o Plano Real,
incluindo suas motivações particulares e suas chances de sucesso.

Classificação JEL: E31; E52.


Raízes unitárias, flutuações econômicas e a 'persistência dos choques'
João Marcus Marinho Nunes
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571995-0816

A importância relativa de diferentes choques no nível de atividade econômica
tem sido objeto de pesquisas nos últimos 25 anos. A visão tradicional, mantida por keynesianos
e monetaristas, é que os choques na demanda agregada são os impulsos às flutuações
econômicas, um fenômeno independente do crescimento. Uma sucessão de choques reais
e transformações tecnológicas deu origem ao que é conhecido como Teoria do Ciclo Real
de Negócios. Os proponentes de ciclos de negócios reais não consideram o crescimento
separadamente das flutuações e procuram explicar as flutuações econômicas abstraídas de
considerações monetárias. Este artigo revisa as evidências empíricas sobre a permanência
de choques. Embora se possa dizer muito sobre a interdependência entre crescimento e
flutuações, também conclui, contrariamente à visão da CRN, que a política econômica é
importante na geração de um ambiente propício ao crescimento.

Classificação JEL: E13; C50.


O pagamento da dívida interna
Fabio Giambiagi
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571995-0812

Este artigo propõe uma mudança na política de dívida pública, baseada na colocação
de novos títulos com vencimentos entre 1 e 30 anos. Ao modificar as condições de
uma proposta semelhante apresentada por Giambiagi e Zini, mostra-se que se toda a dívida
pública interna fosse transformada em uma dívida de 7 anos, paga através de um pagamento
fixo mensal, com uma taxa de juros de 12% em US$ e uma cláusula para pagamento em
moeda estrangeira, o superávit primário do Governo Federal necessário para o serviço da
dívida pública interna e os pagamentos de juros da dívida pública externa poderiam, sob
certas condições, ser inferiores a 2,5% do PIB. Posteriormente, alguns parâmetros são alterados
para apresentar um menu de alternativas, o que implica um pagamento mais rápido
e exige um superávit primário maior no primeiro ano. Conclui-se que, com um esforço
fiscal de cerca de 2,0% do PIB relacionado aos dados de 1993, o Brasil poderia adotar um
plano de estabilização com uma rigidez fiscal e monetária muito semelhante à do Plano de
Conversibilidade adotado na Argentina em 1991.

Classificação JEL: H63.


Agathotopia: liberdade, igualdade e eficiência
Eduardo Matarazzo Suplicy
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571995-0883

O artigo fala sobre as viagens feitas em 1988 pelo economista laureado com o
Nobel James Edward Meade à ilha de Utopia, um lugar perfeito para se participar. Depois
de muito esforço, ele conseguiu encontrar a ilha Nowhere. No entanto, a caminho de casa,
ele encontrou a ilha de Agathotopia, um bom lugar para as pessoas que não reivindicavam
a perfeição para participar. Depois de estudar os arranjos sociais da Agathotopia, Meade
voltou ao seu país convencido de que esses arranjos eram os melhores. atingir os objetivos
de Liberdade, Igualdade e Eficiência. Na Agathotopia, existe muita flexibilidade de preços
e salários, muita interação e parceria entre capital e trabalho e um dividendo social ou uma
renda mínima garantida para todos os cidadãos. Meade propõe o dividendo social desde
1935, depois de interagir com muitos outros economistas que contribuem para a idéia de
uma renda mínima garantida ou de diferentes formas de imposto de renda negativo. A proposta
está sendo discutida no Congresso Nacional Brasileiro.

Classificação JEL: I38; O23.


Conhecimento no país das maravilhas do mercado de ideias: desconstruindo a Economia da Ciência de Michael Polanyi
Gilberto Tadeu Lima
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571995-0807

Este ensaio desenvolve uma interpretação desconstrutivista de alguns aspectos da economia da ciência formulada por Michael Polanyi. Em particular, o ensaio analisa em que medida as posições libertárias de Polanyi podem ser vistas como consistentes do ponto de vista lógico-desconstrutivo. Muito embora o ensaio destaque a existência de inconsistências no discurso de Polanyi, sua contribuição ao debate sobre as especifici-dades inerentes ao processo de conhecimento é igualmente ressaltada. Colocando em outros termos, muito embora Polanyi tenha exagerado em sua crença panglossiana na eficiência da coordenação espontânea de atividades científicas promovida pelo merca-do, é forçoso reconhecer que suas posições acerca das características do conhecimento devem ser encaradas como um importante antídoto contra ingênuas propostas de centralização das atividades científicas sob uma única autoridade.

Classificação JEL: B20; B31; B41.


Política monetária, depósitos compulsórios e inflação
Márcio G. P. Garcia
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571995-0849

Desde o início do Plano Real, o governo tem recorrido a depósitos compulsórios
muito mais elevados sobre o passivo dos bancos, bem como à criação de depósitos
compulsórios sobre crédito (ativo de um banco) na tentativa de restringir a expansão dos
agregados monetários e do crédito. A intenção da política estava certa, embora o desenho
do perfil dos requisitos de reservas, ou seja, a estrutura relativa dos requisitos de reservas
sobre os passivos do banco diferente, fosse falho. Isso ocorre porque há uma exigência de
reserva muito alta (inicialmente 100% marginal) sobre os depósitos à vista, que é o passivo
que normalmente cresce mais quando as altas inflações diminuem. Desde o início de 1995,
as mudanças tributárias tornaram lucrativa a transferência até mesmo de fundos de muito
curto prazo de depósitos à vista para fundos mútuos de curto prazo. Além disso, quando
essa transferência é realizada, o depósito compulsório geral cai substancialmente. A principal
recomendação de política é usar tanto o perfil dos compulsórios quanto a estrutura
tributária de modo que a riqueza financeira agregada seja distribuída entre seus diversos
componentes de forma compatível com a baixa inflação. Isso evitará futuras realocações de
carteira, aumentando a eficácia da política monetária. 

Classificação JEL: E58; E52.


Conselho da Moeda: o que é e como funciona?
Aluizio A. de Barros
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571995-0839

Este artigo examina as experiências na operação de um currency board no norte
da Rússia, Hong Kong e Estônia e discute sua implementação no Brasil.

Classificação JEL: E42; E52.

Documento


O México e o câmbio
André Lara Resende, Adward J. Amadeo, Affonso Celso Pastore, Maria Cristina Pinotti, João Sayad, Luiz Carlos Bresser-Pereira
Brazilian Journal of Political Economy

The Mexican financial crisis in December 1994 provoked a series of
analyses, on the one hand, on the crisis itself, on the other, on the exchange rate policy
Brazilian economy and the consolidation of the Real Plan. We present below, as a document,
some of the main articles published in the newspapers.


Posse no banco central
Pérsio Arida
Brazilian Journal of Political Economy

O economista Pérsio Arida assumiu a presidência do Banco Central no dia 10 de janeiro de 1995. Nessa data, proferiu o discurso abaixo.