v. 43 n. 3 (2023): Jul-Set / 2023


v. 43 n. 3 (2023)

Jul-Set / 2023
Publicado em agosto 11, 2023

Artigo


Do sistema nacional de inovação tecnológica à “Nova Economia Do Projetamento” na China
Elias Jabbour, Uallace Moreira
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572023-3455

Profundas mudanças têm caracterizado a China nos últimos dez anos. Cada
vez mais as discussões giram em torno da dinâmica de acumulação que tem emergido
no país e, até mesmo, sobre qual tipologia enquadrar o atual modelo chinês. Neste
artigo propomos uma discussão que relacione o papel do Sistema Nacional de Inovação
Tecnológica (SNTI) que se fortaleceu na segunda metade dos anos 2000, com as inovações
tecnológicas disruptivas (5G, Inteligência Artificial, Big Data) e o surgimento de novas e
superiores formas de planificação econômica no país gerando condições ao surgimento do
que chamamos de “Nova Economia do Projetamento”.

Classificação JEL: O1; O2; P2.


Por que a economia é difícil de administrar e como isso pode ser tratado
Bertrand Wong
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572023-3509

Este artigo aborda alguns pontos sobre a economia e as políticas econômicas, e
apresenta algumas soluções econômicas possíveis, fornecendo o estímulo para o pensamento
econômico e ações importantes para prevenir problemas econômicos. As políticas econômicas
praticáveis sugeridas no documento aliviariam até certo ponto os sérios problemas
econômicos de inflação, deflação, recessão e desemprego, embora também se espere que as
políticas econômicas sugeridas possam eliminar permanentemente esses sérios problemas
econômicos. A implementação bem-sucedida dessas políticas econômicas certamente levaria
a uma sociedade melhor, possivelmente com crescimento econômico inclusivo e sustentável,
emprego e trabalho decente para todos.

Classificação JEL: D91; E42; E52; E71.


As raízes históricas do neoliberalismo: origem e significado
Sulafa Nofal
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572023-3444

O neoliberalismo conseguiu atingir níveis sem precedentes de poder e dominação.
Apesar disso, a literatura mostra que muitos aspectos da história do neoliberalismo permanecem
obscuros. Nesse sentido, este artigo discute dois aspectos notáveis. O primeiro é que
o neoliberalismo carece de uma definição clara e muitas vezes é confundido com muitos outros
conceitos. O segundo aspecto diz respeito às origens do neoliberalismo, que muitas vezes
são uma versão particular que não necessariamente reflete as raízes profundas do pensamento
neoliberal. Este artigo argumenta que submeter a história do pensamento
neoliberal ao escrutínio contribui para remover muitas das ambiguidades associadas a esses
dois aspectos. Por um lado, permite identificar as diferentes interpretações do neoliberalismo
e, por outro, mostra o fato de que o neoliberalismo surgiu em meio à crise do liberalismo
clássico e como reação à expansão do coletivismo.

Classificação JEL: B00


O quarteto impossível em um modelo supermultiplicador de crescimento liderado pela demanda para uma pequena economia aberta
José Luis Oreiro, Julio Fernando Costa Santos
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572023-3448

O objetivo deste artigo é investigar a sustentabilidade de longo prazo de uma trajetória
de crescimento liderada por múltiplos gastos autônomos não geradores de capacidade
em um modelo de supermultiplicador liderado por demanda para uma pequena economia
aberta. Usando dois modelos diferentes, os resultados mostram que é impossível ter em
um mesmo modelo crescimento econômico de longo prazo impulsionado pelo componente
não criador de capacidade da demanda doméstica, distribuição de renda exógena, equilíbrio
de longo prazo entre capacidade produtiva e demanda agregada e equilíbrio de equilíbrio
de pagamentos. A viabilidade econômica da trajetória de crescimento equilibrado exige
que o crescimento seja liderado pelas exportações, pelo menos para pequenas economias
abertas.

Classificação JEL: E12; E37; P10


O capítulo da moeda baseada em reservas de commodities: Friedrich A. Hayek, John Maynard Keynes e a Ordem Monetária Internacional
Keanu Telles
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572023-3466

O choque frontal nas páginas da Economica entre Friedrich A. Hayek e John
Maynard Keynes em 1931 foi singular em escala e influência. Apesar deste evento ter
tido intensas repercussões na profissão como um todo, em 1943 ocorreu um episódio
menos conhecido envolvendo ambos. Hayek e Keynes entraram em controvérsia sobre
as refundações do sistema monetário internacional no pós-Segunda Guerra Mundial e a
proposta da moeda baseada em reservas de commodities. Esse round foi negligenciado,
mas é historicamente relevante, já que foi o único debate público com engajamento
ativo de ambos os lados em uma revista profissional depois de 1931. Ademais, o mesmo
é representativo da relação madura pessoal e intelectual de Hayek e Keynes, marcado
por convergência, diálogo e amizade. Essa colaboração foi particularmente desenvolvida
quando a London School of Economics (LSE) teve de ser evacuada para Cambridge durante
a Segunda Guerra Mundial e Keynes arranjou acomodações para Hayek no King’s College,
Cambridge.

Classificação JEL: B25; B31; B41.


O que aprendemos sobre os Bancos Nacionais de Desenvolvimento? Evidências do Brasil
Ricardo Barboza, Samuel Pessoa, Fábio Roitman, Eduardo Pontual Ribeiro
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572023-3467

Existem 553 bancos de desenvolvimento no mundo: 18% dessas instituições surgiram
desde a crise financeira de 2008. Existe uma vasta literatura teórica sobre tais instituições,
mas as evidências sobre sua eficácia são dispersas. Este artigo fornece uma revisão sistemática
dos estudos de efeito causal de um dos maiores e mais representativos bancos de
desenvolvimento do mundo, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES). Analisamos 48 trabalhos acadêmicos que estimam o impacto dos empréstimos e
programas de crédito do BNDES em várias dimensões de políticas. Em geral, as evidências
indicam que os bancos de desenvolvimento podem ser um instrumento eficaz para aumentar
o investimento, as exportações, o emprego e o PIB, principalmente quando os tomadores de
empréstimo são micro, pequenas e médias empresas. A experiência brasileira também sugere
que os bancos de desenvolvimento podem ser uma importante ferramenta de combate às
mudanças climáticas, reduzindo o desmatamento. Por outro lado, evidências indicam que a
maior dificuldade dessas instituições é gerar impactos positivos na produtividade, variável essencial para o crescimento econômico. Finalmente, as evidências são inconclusivas sobre a
influência política nos empréstimos do banco de desenvolvimento.
PALAVRAS-CHAVE: Bancos de desenvolvimento; bancos estatais; revisão sistemática;
BNDES.

Classificação JEL: H81; L38; L52.


Fritz Redlich e o empreendedor como Deus e demônio
Rafael Galvão de Almeida
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572023-3469

Este trabalho recupera a contribuição de Fritz Redlich (1892-1978) ao pensamento
econômico. Redlich escreveu trabalhos importantes nas áreas de história econômica,
empreendedorismo e história de empresas. Entre as principais ideias de Redlich sobre o empreendedor
estão a sua distinção entre diferentes tipos de empreendedor. Redlich também
foi um dos primeiros autores a analisar os problemas estruturais da ação empresarial, ao
propor a ideia de “empreendedor ‘demônico’”, em que a acumulação de poder causada pela
ação empresarial destrói o espírito inovador no sistema, tornando o empreendedor em
inimigo da sociedade.

Classificação JEL: B25; L26; N01.


Os comentários políticos comandam? O caso do Banco Central do Brasil
Gokhan Sahin Gunes, Dila Asfuroglu
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572023-3443

Este documento investiga se a pressão política afeta a condução da política
monetária no Brasil. Para o período entre janeiro de 2010 e agosto de 2020, estimamos
uma regra de Taylor modificada para testar empiricamente se os apelos a taxas de juro
mais baixas por parte dos presidentes induzem o Banco Central do Brasil (BCB) a baixar a
taxa de política. Documentamos que é mais provável que o BCB defina a taxa de política
de acordo com as preferências dos líderes políticos. Mostramos também que a resposta do
BCB à pressão política permaneceu significativa, embora a pressão política tenha diminuído
nos últimos anos.

Classificação JEL: E42; E43; E52; E58.


Reflexões sobre a progressividade da política previdenciária no Brasil: uma contribuição ao debate
Luís Eduardo Afonso, Otávio José Guerci Sidone, Geraldo Andrade da Silva Filho
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572023-3434

Este artigo traz uma reflexão sobre a progressividade da política previdenciária no
Brasil, com base no debate entre Hoffmann (2021) e Cardoso et al. (2021a, 2021b) feito na REP.
As dimensões de adequação e equidade devem ocupar espaço proeminente nesta análise. A literatura
empírica, por meio do cálculo da Taxa de Reposição e a Taxa Interna de Retorno, traz
evidências de que as aposentadorias do RGPS apresentam progressividade para as dimensões de
renda, sexo, escolaridade e espécie de benefício. Já para o RPPS da União, há evidências menos
claras de progressividade quanto ao sexo, e evidências de regressividade quanto à renda.

Classificação JEL: H55; D63; J26.


Regimes de crescimento nos países centrais e periféricos: uma análise econométrica, 1980-2018
Emiliano Lopez, Deborah Nogueira
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572023-3423

Exploramos diferenças estruturais nos padrões de crescimento e distribuição de renda
entre países centrais e periféricos. Fornecemos dimensões que dão conta das limitações estruturais
que as posições dependentes têm nas periferias e semiperiferias. Realizamos uma análise por
meio de diferentes estimativas de modelos de dados em painel para 35 países centrais e periféricos
para o período 1980-2018. Em particular, além de fazer as estimativas usuais dos componentes
da demanda agregada, incluímos três variáveis que consideramos representativas da dinâmica
que a acumulação de capital assume na periferia: a participação nas cadeias globais de valor,
os níveis de estrangeirização das economias e a produtividade do trabalho diferenciais.

Classificação JEL: F43; E25; C33.


Incerteza radical e o efeito da infraestrutura de transporte nos preços da terra
Nestor Garza Puentes, Jenifer Garza
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572023-3374

A maioria das contribuições na literatura acadêmica identifica um efeito positivo
da infraestrutura de transporte nos preços da terra. No entanto, sua dinâmica de curto prazo
não tem sido analisada rotineiramente. Uma das razões para essa falta de pesquisa é
porque os modelos neoclássicos de economia fundiária urbana fundamentam, em alguns casos
implicitamente, a maior parte da literatura disponível sobre o tema. Nesta teoria, os valores
da terra convergem para suas tendências de longo prazo, independentemente dos
choques de curto prazo. Baseamo-nos na teoria do circuito monetário pós-keynesiano para
projetar uma estrutura de teste de economia espacial urbana, com base nas contribuições de
Abramo (2011) e Alfonso (2007, 2017). Nesta tradição, choques de curto prazo têm efeitos
de longo prazo na distribuição espacial dos valores da terra devido à incerteza radical. Nosso
estudo de caso é o Transmetro, um projeto de Bus Rapid Transit (BRT) em Barranquilla
(Colômbia). Usamos estimativas de painel estáticas e dinâmicas para testar a dinâmica de
curto prazo dos ajustes espaciais dos preços da terra durante 2000-2010, incluindo os anos
de construção e entrega de 2006-2010. Este estudo de caso oferece uma boa oportunidade
de avaliação por apresentar problemas e atrasos proeminentes. Encontramos ajustes voláteis
de curto prazo que vão contra as previsões neoclássicas, ao mesmo tempo que se assemelham
a ajustes espaciais de preços de terras expostos a uma incerteza radical.

Classificação JEL: B41; B52; E12; R30.