v. 28 n. 1 (2008): Jan-Mar / 2008


v. 28 n. 1 (2008)

Jan-Mar / 2008
Publicado em janeiro 1, 2008

Artigo


Da semi-estagnação ao crescimento em um mercado sino-centrado
Antonio Barros de Castro
Brazilian Journal of Political Economy

Segundo informações disponíveis recentes, a economia brasileira pode estar entrando em um ciclo de crescimento sustentado. A interpretação atual dominante aponta para os progressos realizados em termos de estabilidade monetária, balança de pagamentos e reformas estruturais. De fato, sem a estabilidade monetária e a abertura comercial da economia, os investimentos não aumentariam e o crescimento do crédito não ajudaria o surgimento de milhões de novos consumidores. Mas essas conquistas devem ser tomadas como condicionantes gerais, em vez de realmente moldar a nova imagem. Algumas consequências inesperadas (não raramente positivas) de superar a longa estagnação duradoura, o surgimento da China como um ator importante e suas conseqüências na necessária reestruturação da indústria brasileira, parecem ser decisivas na redefinição atual de potencial de crescimento do PIB brasileiro.

Classificação JEL: O; O11; F4.


O Estado e suas razões: o II PND
Pedro Cezar Dutra Fonseca, Sergio Marley Modesto Monteiro
Brazilian Journal of Political Economy

ste artigo pretende contribuir para o debate sobre as razões pelas quais o governo Geisel (1974-78) escolheu - por enfrentar uma conjuntura adversa - uma agenda de crescimento acelerado que se materializou no 2º PND (Plano Nacional de Desenvolvimento). Para tanto, recorre a uma definição metodológica que se baseia em uma abordagem institucionalista e favorece a interação entre as variáveis políticas e econômicas. Contrariando a literatura que interpreta a forte presença do Estado e a descentralização regional do 2º PND como sinais de neopatrimonialismo, advoga-se que essa categoria de análise seja inadequada para explicar a escolha do governo, embora esse aspecto esteja incorporado na sociedade social brasileira. formação histórica. A racionalidade política do plano deve ser investigada na própria conjuntura, marcada pelo projeto de liberalização, que não entra em conflito com a racionalidade econômica do plano - pelo contrário, é complementada por ele.

Classificação JEL: N16.


A doença holandesa e sua neutralização: uma abordagem Ricardiana
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Brazilian Journal of Political Economy

A doença holandesa é uma grande falha de mercado originada na existência de recursos naturais ou humanos baratos e abundantes que mantêm a sobrevalorização da moeda de um país por um período indeterminado, tornando assim não lucrativa a produção de bens comercializáveis ??usando a tecnologia no estado. de última geração. É um obstáculo ao crescimento do lado da demanda, porque limita as oportunidades de investimento. A gravidade da doença holandesa varia de acordo com a extensão dos aluguéis ricardianos envolvidos, ou seja, de acordo com a diferença entre dois equilíbrios cambiais: a taxa 'atual' ou de mercado e a taxa 'industrial' - aquela que viabiliza a comercialização eficiente e viável indústrias. Seus principais sintomas, além da moeda supervalorizada, são baixas taxas de crescimento da indústria de transformação, salários reais artificialmente altos e desemprego. Sua neutralização requer o gerenciamento da taxa de câmbio. O principal instrumento para isso é um imposto sobre vendas ou exportação sobre as mercadorias que dão origem à doença holandesa. Para neutralizá-lo, os formuladores de políticas enfrentam grandes obstáculos políticos, uma vez que envolve tributar as exportações e reduzir os salários. Finalmente, este artigo argumenta que existe um conceito estendido de doença holandesa: além de ter origem em recursos naturais, pode surgir de mão-de-obra barata, desde que a 'propagação salarial' no país em desenvolvimento seja consideravelmente maior que a desenvolvida - a condição que geralmente está presente.

Classificação JEL: E1; F43; O11.


Há evidências de desindustrialização no Brasil?
André Nassif
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo tem como objetivo analisar o conceito teórico de desindustrialização e avaliar se o Brasil, após a implementação de reformas econômicas na década de 90, sofreu uma "nova doença holandesa". Apesar do declínio da participação do setor manufatureiro no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, as evidências empíricas mostram que as mudanças na estrutura da economia desde meados da década de 1980 até o final de 2005 não devem ser descritas como desindustrialização. Como não havia evidências de realocação generalizada de recursos para indústrias baseadas em recursos naturais, ou um padrão de especialização em exportação de bens tecnologicamente baseados em recursos naturais ou mesmo em mão-de-obra, não se pode concluir que o Brasil tenha sido infectado por uma “nova doença holandesa”.

Classificação JEL: 012; 014; 024.


Banco Nacional: jogo de Ponzi, PROER e FCVS
Fernando de Holanda Barbosa
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo analisa as causas da falha do Banco Nacional e o método de resolução adotado pelo banco central brasileiro. O programa (PROER) elaborado pelo banco central e sua estrutura legal permitia que o banco falido comprasse “títulos em falta”, financiados pelo banco central, e usasse-os como garantia de empréstimos. O artigo também analisa os custos privados e sociais desse banco.

Classificação JEL: E58; G21.


A nova disciplina de sistemas econômicos comparados: uma proposta
Ricardo Luis Chaves Feijó
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo oferece elementos para uma reorientação do assunto da disciplina "Sistemas Econômicos Comparativos" com o impacto da queda do muro de Berlim. Assim, argumentamos que, no contexto da sociedade democrática moderna, a escolha política entre os modelos da sociedade ocorre em um conjunto mais restrito de opções. Assim, o estudo de formas puras de socialismo é de interesse histórico, mas ele não é relevante para essa disciplina, pois deve priorizar o debate em torno da escolha de modelos alternativos compatíveis dentro do Estado de Direito. Portanto, o artigo oferece um novo programa para essa disciplina, capaz de descrever e entender a diversidade de sistemas entre os países que optaram por misturar economia de mercado.

Classificação JEL: P51.


O circuito finanças-investimento-poupança-funding em economias abertas
Marco Flávio da Cunha Resende
Brazilian Journal of Political Economy

Nas economias monetárias, prevalece o circuito Finanças-investimento-poupança-financiamento (F-I-P-F). O investimento precede a economia. Este circuito foi elaborado para uma economia fechada. Este estudo procura demonstrar que o circuito F-I-P-F também prevalece nas economias abertas. Um segundo ponto estudado neste artigo relaciona a relação entre déficits orçamentários e restrição de poupança para investimento. As conclusões destacam que o circuito F-I-P-F prevalece nas economias abertas e que os déficits orçamentários não causam restrições de poupança para o investimento. Em algumas situações, os déficits orçamentários transferem os efeitos do investimento para a formação da poupança nacional da economia doméstica para o resto do mundo.

Classificação JEL: E12, E21, E62, F41.

Debate


Respostas a uma crítica marxista às perspectivas retórica e pragmática em economia
Danilo Araújo Fernandes, Paulo Gala, José Marcio Rego
Brazilian Journal of Political Economy

Com base em discussões recentes sobre a perspectiva retórica da economia, este artigo apresenta uma interpretação da abordagem filosófica de Habermas, que tenta resgatar o chamado "espírito moderno", esquecido nos anais do século XIX, semelhante ao apresentado por Marshall Berman Em 1982. Seguindo a abordagem reconstrutiva do projeto de modernidade de Habermas, tentamos mostrar como uma "abordagem retórica" poderia ser aplicada no campo da economia, e ainda assim ser claramente moderna levando em consideração as intersubjetividades, dada a esfera expandida da comunicação humana (como defendido na teoria da ação comunicativa de Habermas). Nesse sentido, procuraremos demonstrar os limites filosóficos das críticas anti-retóricas de, por exemplo, Paulani (1996, 2003, 2005, 2006), que parecem subestimar o aspecto lingüístico e intersubjetivo do projeto filosófico de Habermas que também pode ser encontrado na abordagem metodológica de McCloskey.

Classificação JEL: B41.


A aventura da crítica
Leda Maria Paulani
Brazilian Journal of Political Economy

O objetivo deste artigo é responder às observações críticas feitas por Fernandes, Rego e Gala neste número da Revista de Economia Política sobre um artigo meu, também publicado nesta mesma revista em janeiro de 2006, que trata da relação entre Economia e Economia. Retórica e seu desdobramento no Brasil. Respondendo a essas observações críticas, tentei mostrar que: a) não é fácil, como eles fazem, associar o projeto de Habermas à defesa da abordagem da Retórica em Economia; O próprio Habermas tem muitas objeções à associação de seu projeto com o pragmatismo de Rorty, que parece ser a influência mais forte de McCloskey; b) não é verdade que minhas considerações tenham uma espécie de imunidade epistemológica e que não sejam passíveis de contestação; se parece assim, é porque a natureza da própria abordagem materialista. No final, observo que meus cuidadores não responderam minhas observações sobre o desenrolar do projeto retórico no Brasil e isso é, de certa forma, surpreendente, porque são personagens centrais nele.

Classificação JEL: B41.